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Nova Iguaçu sedia Fórum Mundial de Educação

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor






Nova Iguaçu sedia Fórum Mundial de Educação
Divulgação
Com a proposta de “educar cidadãos para uma cidade educadora”, a quinta edição do Fórum Mundial de Educação (FME) acontece de 23 a 26 de março em Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O evento, que é realizado anualmente desde 2001, reunirá dez mil educadores, estudantes e membros de organizações não-governamentais (ONGs) e de governos. “O fórum é o maior espaço do mundo que ONGs, governos e escolas têm para discutir”, diz Pierre Roy, secretário-executivo do FME.

As atividades - de grandes conferências e debates a pequenas reuniões auto-gestionadas - serão abrigadas, em sua maioria, no Sesc de Nova Iguaçu. No auditório da instituição, os participantes vão expor seus pontos de vista em torno do tema principal - “Educação Cidadã para uma Cidade Educadora” - e dos três subtemas, mais específicos. São eles: “educação, cultura e diversidade”, “ética e cidadania em tempos de exclusão” e “Estado e sociedade na construção de políticas públicas”.

De acordo com a Associação Mundial de Cidades Educadoras (Aice), entidade fundada na Espanha em 1990, uma municipalidade é considerada educadora quando tudo que gira em torno dela, do orçamento à vida cultural, “inclui e gera diversas formas de educação da cidadania. Seu objetivo é trabalhar conjuntamente com o sentido educativo no desenvolvimento de políticas e ações que impulsionem a qualidade de vida das pessoas, seu compromisso com o espírito de cidadania e os valores de uma democracia participativa e solidária”. A Aice hoje conta com mais de 250 associadas, sendo dez brasileiras: Porto Alegre, Alvorada, Gravataí e Caxias do Sul no Rio Grande do Sul; São Paulo, Piracicaba e São Carlos em São Paulo. Campo Novo do Parecis (MT), Cuiabá (MS) e Belo Horizonte (MG).

Subtemas

De acordo com Roy, os subtemas se encaixam na construção do conceito de cidade educadora e por isso serão bem explorados no Fórum. As preocupações são várias: de educação ambiental e sexual a investimentos, psicanálise e urbanismo. Para falar sobre essa gama de assuntos, foram convidados palestrantes e organizações de cerca de 40 países. Entre eles estão o relator das Nações Unidas para o Direito à Educação, o costa-riquenho Vernor Muñoz, e a secretária especial de Políticas para as Mulheres do governo federal, Nilcéa Freire. Ambos farão parte de conferências que acontecerão sempre pela manhã. Haverá ainda mesas de diálogo e controvérsia, testemunhos, seminários e oficinas auto-gestionadas, além de apresentação de trabalhos acadêmicos. A programação completa estará disponível no início do evento.

“O Fórum é um lugar de afirmação da educação como direito universal”, lembra Salete Valesan, membro do Conselho Internacional do FME e diretora de relações institucionais do Instituto Paulo Freire. Sendo assim, apesar das diferenças regionais, os organizadores identificam três grandes problemas mundiais: dificuldade de lidar com a diferença dentro da sala de aula, necessidade de acabar com o analfabetismo e falta de financiamento da educação. As propostas para acabar com eles não são poucas, o que se percebe pela quantidade de atividades do FME. “Cada país possui sua peculiaridade e deve seguir seu próprio caminho para superar esses obstáculos”, opina Roy.

A primeira edição do Fórum Mundial de Educação com o mesmo tema da atual aconteceu em São Paulo, em 2004. O processo de discussão, no entanto, é anterior. De acordo com Valesan, a organização de encontros mundiais sobre o tema começou três anos antes, em Porto Alegre, durante o primeiro Fórum Social Mundial. Naquele ano, “educação no mundo globalizado” era mais um tema do FSM, mas, mesmo assim, reuniu 15 mil pessoas de 60 países para assistir a quatro conferências e quatro debates.

Na capital gaúcha foi escrita a Carta de Porto Alegre, que reafirmou a idéia da “educação pública como direito social inalienável e irredutível à condição de mercadoria”. O documento ainda é referência no FME. Em 2003, também durante o FSM, aconteceu a segunda edição do FME, na qual a educação foi discutida sob a ótica da transformação. O número de participantes foi semelhante, mas a diversidade aumentou. As 60 nacionalidades passaram a ser 100.

Da carta surgiu a Declaração de Porto Alegre, na qual as entidades participantes nos debates se comprometiam a construir uma Plataforma Mundial de Educação. Em 2004, houve duas edições do FME: uma em São Paulo, em abril, e outra na capital gaúcha, no meio do ano. Na edição paulista, houve o primeiro encontro sobre educação cidadã para uma cidade educadora. Cem mil pessoas participaram da programação, um recorde até agora.

As inscrições para a edição de Nova Iguaçu terminam no domingo, 19 de março, às 20h. Estudantes e educadores populares pagam R$ 20; professores da rede pública e privada, R$ 30.

Marcelo Medeiros

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