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Agressão em Ipanema "é só a 'ponta do iceberg'"

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

O caso que repercutiu na mídia sobre o casal de gays agredido em Ipanema, no último dia 26, domingo de Carnaval, é só a “ponta do iceberg”, segundo Cláudio Nascimento. “Há seis anos denunciamos gangues de jovens agredindo gays em Ipanema. Temos notícias de gangues que atacam gays em todo o estado do Rio de Janeiro”, afirma Cláudio.

O beijo de Hyldo e Maurílio suscitou a reação violenta de cinco homofóbicos na praia. O caso motivou um ato público no mesmo local, no dia 12, contra o fim da violência contra homossexuais e foi objeto de debate de uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio, no dia 15.

“Os movimentos sociais deram uma resposta objetiva e rápida. O governo do estado também demonstrou uma mudança de postura. Esse caso mostra a necessidade de envolver toda a sociedade para combater a homofobia”, diz Cláudio. A atitude das vítimas também é elogiada por Cláudio: “A atitude das vítimas é muito importante nesse processo. Muitas têm medo de denunciar a violência que sofreram”.

Dos cinco agressores, dois já foram identificados e interrogados. Sobre os outros já se tem informação do paradeiro. Foram abertos inquéritos policiais militares contra os policiais acusados de omissão e contra os policiais civis da delegacia, para averiguar se houve prevaricação ou não. O casal teria sido desencorajado pelo delegado de fazer a ocorrência, por falta de provas.

Cláudio Nascimento chama a atenção para um outro aspecto que tem preocupado o movimento GLBT: a combinação de homofobia com racismo. “Os rapazes são negros. Isso potencializa a discriminação e aumenta o nível de vulnerabilidade dos gays. Temos visto cada vez mais casos em que ocorre essa combinação”, diz.

Importantes ações foram decididas na última semana para o combate à homofobia no Rio de Janeiro, segundo Cláudio, que acompanhou a visita de representantes da Secretaria Especial de Direitos Humanos ao estado. Foi articulada com a Secretaria Estadual de Direitos Humanos e a Frente Parlamentar pela Livre Expressão Sexual a realização de um Seminário Nacional de Política de Segurança, Direitos Humanos e Combate à Homofobia, previsto para a segunda quinzena de maio. Outra medida importante foi a decisão da Secretaria Estadual e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência, em conjunto com a Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu (RJ), de criar o Centro de Referência de Combate à Discriminação a Homossexuais na Baixada Fluminense, no dia 10 de junho.

Mariana Loiola

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