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É pra passar no cabelo?

Autor original: Luísa Gockel

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






É pra passar no cabelo?
Divulgação

"Biodiversidade: para comer, vestir ou passar no cabelo?": o título provocativo da publicação organizada pela organização não-governamental WWF chama a atenção para um tema que, segundo as autoras, está no dia-a-dia de todos nós. A questão, que até pouco tempo atrás era desconhecida da maioria dos brasileiros, vem ganhando cada vez mais visibilidade. Em parte por causa das conferências realizadas em março, em Curitiba (PR) – a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8) e 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP 3). Também participam da organização do livro a ONG The Nature Conservancy (TNC), o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).

Para Nurit Bensusan, consultora da WWF e uma das editoras da publicação, poucas pessoas têm uma idéia abrangente da questão. “A mídia ainda não faz a ligação entre a importância da biodiversidade e o aumento de qualidade de vida. Vemos apenas referências à defesa das espécies” comenta. Segundo ela, nesse sentido, a COP-8 ajudou muito a expandir os horizontes do tema. “Agora falamos de variabilidade genética, propriedade intelectual, repartição de benefícios. A biodiversidade é um assunto complexo, que ainda é tratado de forma muito ativista”, analisa.

A coordenadora da Câmara Técnica de Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS, Beatriz Bulhões – que ao lado de Cristina Barros, da TNC, e Alessandra Arantes, do IEB, também participa da edição do livro –, concorda com Nurit sobre a necessidade de divulgação do tema. “Precisamos trabalhar melhor essa comunicação. Ainda há grandes mal-entendidos. O nosso objetivo é justamente desmistificar o tema. Não é um livro didático, mas mostra para as pessoas quão complexo é o assunto”, complementa.

De acordo com Nurit, o inusitado título do livro vem da vontade de mostrar a importância da biodiversidade e trazê-la para perto das pessoas. “Por isso escolhemos aquela expressão popular que diz: ‘é para comer ou passar no cabelo?’. Explicamos no livro que biodiversidade é para comer, vestir, passar no cabelo e mudar o mundo”, explica.

Na orelha do livro, Bráulio Ferreira de Souza Dias, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, chama atenção para o fato de estarmos próximos de “uma das maiores catástrofes ambientais de todos os tempos”. Segundo ele, temos taxas anuais de extinção assustadoramente acima dos níveis naturais. Para conter essa situação, as editoras tentaram mostrar que a proteção da biodiversidade é um compromisso de país e não de governo. “E por isso pensamos no que as pessoas fora do governo vêm fazendo pelo tema”, explica Beatriz.

O livro é dividido em três capítulos-chave: “Com a mão na massa”, “Dê-me uma alavanca e eu moverei o mundo” e “Olho vivo e coração aberto”. O primeiro trata das ações de instituições diretamente relacionadas à conservação ou ao uso sustentável da biodiversidade. O segundo trata de instituições que possuem programas que estimulam a conservação e o uso sustentável. E o último traz experiências ligadas à informação sobre a biodiversidade nos meios de comunicação e ao esforço de valorização do conhecimento dos povos indígenas.

A experiência de organizar a publicação, que contém artigos de vários atores ligados a diversos campos da biodiversidade, para Nurit, foi muito positiva. “Somos quatro editoras com pontos de vistas muito diferentes. Nem todo mundo concordava o tempo todo. Mas deu tudo certo”, ressalta. Ela conta que a idéia inicial era mapear a Convenção sobre Diversidade Biológica, mas sabiam que não esgotariam o tema. Para Beatriz, a parceria de fazer o livro também foi um dos pontos altos. “Outra coisa importante foi que sempre nos deparamos com aquela polarização da sociedade civil de um lado e a iniciativa privada do outro. Procuramos mostrar as iniciativas de cada um”, conclui.

Toda verba arrecadada com a venda do livro será revertida para o Fundo de Publicações do IEB, para o fomento de novos exemplares.

Luísa Gockel

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