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Novo perfil de lideranças

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor






Novo perfil de lideranças


O Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford está com inscrições abertas para lideranças sociais aprimorarem sua formação acadêmica. O objetivo do programa é capacitar pessoas com potencial para promover, em seus campos de atuação, o desenvolvimento de seus países, bem como maior justiça econômica e social. Para assegurar a diversidade de origem dos bolsistas, o programa prioriza candidatos provenientes de grupos que sistematicamente têm tido acesso restrito ao ensino superior. No Brasil, o programa, além de estar atento à igualdade de gênero, destina-se prioritariamente a pessoas negras, indígenas, originárias das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ou provenientes de famílias que tiveram poucas oportunidades econômicas ou educacionais. Não é necessário, vale registrar, que pertençam simultaneamente a todos esses segmentos.

Estão previstas seleções anuais no Brasil até 2008. Já foram realizadas quatro seleções no país desde 2002, tendo sido concedido um total de 170 bolsas. A Seleção Brasil 2006, coordenada pela Fundação Carlos Chagas, prevê a concessão de 40 bolsas. Elas serão concedidas apenas para cursos de pós-graduação stricto-sensu (mestrado ou doutorado), no Brasil ou no exterior, e têm uma duração máxima de 24 meses para mestrado e de 36 meses para doutorado. Em média, 75% das pessoas selecionadas nos anos anteriores fizeram mestrado e 25% fizeram doutorado. Além de abrir espaço no mercado de trabalho e fortalecer o currículo, o programa impulsiona a continuação de estudos. “Muitos que fizeram mestrado pelo programa da Fundação Ford quiseram continuar os estudos e conseguiram outras bolsas para doutorado”, diz Fúlvia Rosemberg, coordenadora do Programa de Bolsas da Fundação Ford no Brasil.

No período pré-acadêmico, os bolsistas escolhem a instituição na qual pretendem fazer o curso, desde que este seja adequado à sua proposta. “Fazemos um acompanhamento antes de os selecionados se tornarem bolsistas plenos. Oferecemos orientação para a escolha do curso e da instituição e recursos para a pessoa se candidatar até quatro programas no Brasil e no exterior. Esse período também cobre os custos de inscrições, curso de línguas e viagem, caso seja necessário”, explica Fúlvia. Após serem selecionados, eles ganham uma bolsa para se manterem durante o curso e para compra de material didático.

Como a lógica do estudo é priorizar grupos que tiveram menos oportunidades e como estes, muitas vezes, não têm fluência numa língua estrangeira, a maior parte dos brasileiros selecionados faz o programa no Brasil. “Alguns vão para Portugal ou fazem bolsa-sanduíche [o início e o final são cursados no Brasil e o período intermediário é feito no exterior]. Mas já tivemos bolsistas que foram para Canadá, Estados Unidos e Espanha”, diz.

Requisitos

As pessoas que quiserem se candidatar devem apresentar pré-projeto de pesquisa e explicitar como vão aplicar seus estudos a problemas sociais ou questões de interesse de sua comunidade, grupo social, região ou país, comprometendo-se a trabalhar nessas questões após o término da bolsa. Os pré-projetos devem estar relacionados a um dos campos de atuação da Fundação Ford (listados em www.programabolsa.org.br/campos.html). Um dos requisitos para participar do programa é ter experiência em trabalho ou atividades relacionadas ao desenvolvimento de sua comunidade, grupo social, região ou país. O programa requer ainda disponibilidade para dedicação em tempo integral à pós-graduação.

Rede de lideranças

O programa promove um encontro anual com os bolsistas para apresentação de trabalhos. Uma das propostas do programa, segundo Fúlvia Rosemberg, é organizar uma rede formada por lideranças com um novo perfil, diferente da elite, como se observa hoje no país. No último dia 19 de abril, por exemplo, pela primeira vez, uma indígena defendeu uma tese de doutorado no Brasil. Maria das Dores de Oliveira Pankararu fez doutorado em lingüística na Universidade Federal de Alagoas com o apoio do Programa de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford [veja entrevista com Maria das Dores nesta edição].

No Brasil, está começando a formação de uma rede com esse novo perfil, já que os primeiros bolsistas do programa no país concluíram os seus cursos a partir do ano passado. Também está prevista a publicação de coletâneas de artigos produzidos pelos participantes do programa. Segundo Fúlvia, quatro publicações já estão programadas.

A documentação para se candidatar ao Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford deve ser enviada até o dia 22 de maio. Formulários e mais informações sobre o programa estão disponíveis em www.programabolsa.org.br.

Mariana Loiola

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