Autor original: Joana Moscatelli
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Cidade que abriga um dos mais importantes portos do país, Paranaguá, no Paraná, tem hoje um dos piores índices de exploração e abuso sexual contra a criança e o adolescente no estado. A prática desses crimes é tão comum no município que se chegou ao ponto de uma de suas ruas ser conhecida como a “Rua do R$ 1,99”, em que meninas se prostituem por R$ 2 ou R$ 3.
Nesse contexto e com o objetivo de combater esse tipo de prática, a Central de Notícias dos Direitos da Infância e da Adolescência (Ciranda) lançou em 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o projeto Navegando nos Direitos, que tem duração prevista de um ano e foi selecionado pelo programa Petrobras Fome Zero.
O nome do projeto é inspirado na própria metodologia utilizada em oficinas e debates com adolescentes nas escolas públicas de Paranaguá. Através do Guia Navegando nos Direitos, os estudantes "navegam" pelas águas que os levam a ilhas como Violência, Violência Sexual, Direitos e Deveres, Cidadania e Paz. A idéia é fazer com que os jovens discutam a realidade local e proponham soluções para os problemas. Segundo Andressa Grilo, cerca de 200 adolescentes já participaram das oficinas na primeira fase do projeto. O objetivo é formar dentro dos colégios jovens multiplicadores que produzirão vídeos e jornais sobre o tema.
A fim de garantir os direitos da infância e adolescência na cidade, projeto vai tratar de temas como violência e cultura de paz, exploração sexual comercial, drogas, DST/aids e sexualidade. Mas a ação não é restrita aos adolescentes. Caminhoneiros e professores também serão alvos da campanha de prevenção. A principal meta do Navegando nos Direitos é sensibilizar a sociedade de Paranaguá em relação ao tema e conscientizar cada cidadão e cidadã, do adolescente ao caminhoneiro, sobre seu papel no combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e jovens no dia-a-dia.
Para o coordenador do Núcleo de Educação e Mídia do Ciranda, Téo Travagim, a omissão e a tolerância social a esse tipo de prática na nossa sociedade são os principais desafios para lidar com o problema: “Um dos principais obstáculos para combater a exploração sexual da criança e do adolescente é a tolerância social que existe em relação ao crime, é o medo, o silêncio. A sociedade deve entender que cabe a cada pessoa enfrentar o problema, denunciar ou criar novas ações, mas nunca permanecer omisso. O objetivo principal do projeto é fazer com que a própria comunidade combata o crime, criando uma rede articulada em que cada setor social cumpra seu papel de acabar com essa prática”.
Cidadãos conscientes e agentes de mudança
Através de oficinas, palestras e dinâmicas com jovens, professores e caminhoneiros, o projeto pretende formar agentes conscientes da importância de combater esse crime. A principal preocupação é alertar a comunidade local, convocando toda a sociedade para atuar no combate à exploração e ao abuso sexual da criança e do adolescente.
Todos os setores de Paranaguá serão convocados a participar do projeto, inclusive empresários e comerciantes. Além da prevenção, outro eixo da iniciativa é a Articulação Social, atuando junto ao Ministério Público e trabalhando pela mobilização da sociedade. “O objetivo é alcançar o compromisso da comunidade no combate ao problema e a articulação com instituições que trabalham as temáticas de direitos da infância e adolescência, exploração e violência sexual, drogas, DST/aids e sexualidade”, explicou Travagim.
Ele ressalta que a meta do projeto é provocar mudanças culturais, rompendo o paradigma da tolerância. Para isso serão realizados seminários voltados para ONGs, professores, líderes comunitários, setores governamentais, agentes de saúde, jornalistas e setores turístico e de segurança. Além dos seminários, o eixo de Mobilização Social do projeto está produzindo materiais informativos e campanhas de conscientização para TV e rádio.
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