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Para construir o outro mundo possível, a noção do que acontece no atual

Autor original: Joana Moscatelli

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor






Para construir o outro mundo possível, a noção do que acontece no atual
Nairobi

Para tentar construir um “outro mundo possível”, o Fórum Social Mundial (FSM) 2007, que acontece de 20 a 25 de janeiro no Quênia, na África, quer antes conhecer o que acontece pelo mundo de agora. Para isso, será organizado de acordo com as ações, campanhas e lutas concretas das organizações que participarão do encontro. Essa é a proposta da coordenação do FSM ao realizar a consulta preparatória, na qual as organizações e movimentos deverão indicar até o dia 30 de julho aquilo que estão praticando na área onde atuam.

“O Fórum de 2007 será decisivo em virtude do que a África representa para o mundo, para a globalização e está despertando muita curiosidade e solidariedade. O FSM na África, onde estão expostas tantas contradições da globalização, deve ser então ainda mais propositivo e estimular a articulação entre as pessoas para promover ações concretas de transformação. A idéia dessa consulta é estimular ainda mais a convergência entre as ações das organizações e identificar aquilo que está sendo feito, de fato”, observa Antonio Martins, da coordenação do FSM no Brasil.

A idéia é organizar o Fórum em espaços temáticos e estimular a articulação entre as organizações que atuam em áreas semelhantes ou complementares. A primeira experiência desse tipo foi feita nas preparações para o FSM de 2005, que aconteceu em Porto Alegre (RS). Segundo Antônio Martins, a consulta preparatória possibilitou que o encontro daquele ano articulasse melhor a relação entre as organizações participantes. “A intenção era manter a diversidade do Fórum e estimular, ao mesmo tempo, a articulação das ações semelhantes. A consulta é uma tentativa de superar a pulverização e é feita de uma maneira muito cuidadosa para que não existam, por exemplo, duas organizações discutindo o mesmo tema de forma desarticulada. A idéia é identificar as organizações que trabalhem com temas semelhantes e colocar uma em contato com a outra”.

Em 2005, o Fórum foi organizado de acordo com 11 áreas temáticas, nas quais se desenvolveram duas mil atividades, todas autogestionadas. Mas - ao contrário do que ocorreu em 2005, quando a consulta prévia teve um caráter temático - o foco da atual consulta é nas ações concretas.

A proposta é organizar a sétima edição do Fórum em torno de ações, campanhas e lutas, aglutinando, nos diferentes espaços do encontro, as atividades vinculadas. Assim, espera-se estimular os avanços nas articulações entre as organizações para lutar por uma sociedade mais justa, igualitária, solidária, democrática e sustentável.

“Atualmente, algumas pessoas estão falando em um processo de africanização do mundo, com a explosão de situações de miséria e desespero em países da Europa e nos Estados Unidos. Isso é um reflexo do que vem sendo feito no mundo, da desconstrução dos direitos sociais, inclusive nos países desenvolvidos. O papel do Fórum é justamente tentar reverter esse processo de desconstrução e estimular a mobilização social, chamando a atenção para o que a globalização está fazendo com o mundo. O que queremos é dar visibilidade às possibilidades reais de transformação e mudanças na nossa sociedade para que possamos assegurar os direitos sociais e a vida digna de todos”, resume Martins.

As perguntas da consulta são voltadas para as ações de transformação que estão sendo feitas pelas organizações, e para preencher o questionário é preciso acessar http://consultation.wsf2007.org. As organizações já cadastradas para o FSM 2006 não precisam preencher novamente os seus dados. Devem usar a mesma senha e login do ano passado e acessar a opção “Consultation on actions, campaigns and struggles”. Os formulários estão disponíveis em inglês, francês e espanhol.

As pessoas que quiserem conhecer as ações em que as organizações estão envolvidas podem se cadastrar também no site para visualizar as respostas das organizações e interagir com elas.

Apesar de a maioria das organizações sociais na África não ter acesso à internet, Martins contou que está sendo estimulada a criação de redes de cooperação a fim de mobilizar a participação das organização para preencherem a consulta. Outro desafio do FSM 2007 é com relação ao acesso ao local. Segundo Martins, poucos países da própria África possuem ligações terrestres com o Quênia.

Por outro lado, a realização do FSM na África será muito importante, pois além de chamar atenção para o que acontece no continente, irá, assim como já fazem os fóruns sociais nacionais e locais, estimular a luta popular na África, desarticulada nos últimos anos, segundo Martins: “Na África, já foram realizados fóruns sociais em mais de 20 países e esse processo tem contribuído para o ressurgimento dos movimentos sociais no continente, que estavam desmobilizados em virtude de ações neoliberais. O que esses fóruns sociais e a própria mobilização para o Fórum Social Mundial 2007 está permitindo é um novo despertar da luta popular na África. E a expectativa é que essa tendência cresça cada vez mais com a realização do FSM lá”.

Joana Moscatelli

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