Autor original: Mariana Hansen
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Baseada em sua própria experiência e, ciente das dificuldades e da falta de informação, ela decidiu auxiliar outras famílias e crianças na busca de uma qualidade de vida melhor. Esse foi o primeiro passo para criação da instituição que hoje é um centro de referência no Brasil de apoio às pessoas com deficiência visual. A ONG leva educação e inclusão social através de um trabalho interdisciplinar de suporte ao desenvolvimento integral da criança cega desde o seu nascimento.
Atualmente, trabalhando com equipamentos tecnológicos modernos e uma equipe especializada, a entidade possui 8 mil famílias cadastradas de todo o Brasil. “Algumas visitam a instituição e levam as informações que conseguem para seus estados”, conta Mara. É também durante essas visitas que essas crianças e jovens passam por uma avaliação oftalmológica, funcional da visão e do desenvolvimento integral.
Na sede, são atendidas 600 crianças e jovens, participando de atividades e cursos que ajudam na inserção escolar e no mercado de trabalho. Uma das atividades mais importantes é o curso de informática, área que segundo Mara oferece muitos recursos para quem tem algum tipo de deficiência visual. “Cerca de 580 jovens já participaram e 350 já estão no mercado de trabalho”, conta.
A faixa etária das pessoas atendidas vai desde bebês até jovens com cerca de 20 anos, que podem ser cegos, com baixa-visão ou com múltipla deficiência. “Também existem alguns adultos na Laramara. Eles participam de cursos de orientação e preparação para o trabalho, mas esse não é o alvo da entidade”, explica a sua idealizadora.
Além do atendimento a pessoas com deficiência visual e suas famílias, a instituição ainda está envolvida na busca por recursos pedagógicos e brinquedos adequados. O desenvolvimento de materiais, métodos e técnicas inovadoras também tem sido alvo de constante pesquisa na entidade. Por exemplo, a Laramara é pioneira na fabricação da máquina Braille, importante para a educação de pessoas com deficiência visual. Antes todo o equipamento tinha de ser importado dos Estados Unidos.
Além da produção de máquinas Braille, a entidade ainda investe na criação de softwares, equipamentos e brinquedos para quem tem deficiência visual. Até agora, já foram desenvolvidos e fabricados 109 brinquedos, assim como elaborados 25 livros para orientar e capacitar professores.
Entre as inúmeras iniciativas da Laramara, está o Conselho Mundial de Pais e Amigos do Deficiente Visual, o Compadres. Criado em 1997, o Conselho visa a garantir o acesso a toda e qualquer informação sobre deficiência visual, formando uma rede. Ele tem como objetivo assegurar autonomia, independência e plena inclusão das pessoas com deficiência visual na sociedade, promovendo e facilitando a igualdade de oportunidades de acesso a serviços, educação, trabalho e lazer. Ainda possui um espaço reservado para que os pais se reúnam para trocar experiências e informações, discutir e buscar soluções coletivas.
Recentemente, foi feita uma parceria com o Ministério da Educação, que resultou no lançamento de 5 mil vídeos sobre orientação e mobilidade para quem tem deficiência visual, 16 mil livros que ensinam como fazer brinquedo - Brincar para Todos - e 10 mil kits com informações sobre inclusão escolar de pessoas com deficiência visual.
Com 15 anos de história e luta, a instituição ainda tem muito por que lutar rumo à inclusão total das pessoas com deficiência visual. "É preciso que os professores sejam capacitados para lidar com crianças com deficiência; que as empresas contratem pessoas com deficiência e que haja acessibilidade nas ruas e locais públicos”, aponta Mara. Apesar desses desafios não serem triviais, para o futuro a coordenadora ainda espera que a Laramara continue a ser um centro de desenvolvimento humano e que expanda cada vez mais seu conhecimento para o Brasil e para a América Latina.
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