Autor original: Joana Moscatelli
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
![]() Circuito Estradafora | Teatro de Tábuas | ![]() |
Ao retornar a sua cidade natal, São João de Boa Vista (SP), o ator e diretor Jorge Luís Brás resolveu fazer algo para incluir cidades do interior, como a sua, no circuito cultural brasileiro. Assim surgiu, em 1999, o Núcleo Experimental Teatro de Tábuas, que realiza atividades artísticas e culturais na região de Campinas e em municípios do interior paulista.
Inicialmente, a ONG trabalhava apenas como uma companhia teatral, mas aos poucos foi integrando ao seu repertório atividades ligadas a musica, dança e artes visuais. Ao longo dessa atuação, realizou espetáculos teatrais e musicais – com montagens próprias ou produções de companhias nacionais –, assim como mostras de artes plásticas e vídeos. Atualmente, o Teatro de Tábuas, com sede no distrito de Nova Aparecida, em Campinas, realiza diversos projetos e oficinas, através dos quais procura contribuir para a democratização da arte, da educação e da cultura.
De 2001 a 2004, por meio de projetos de gestão cultural pública, as prefeituras de Tapiratiba, Santo Antonio do Jardim e Santa Cruz das Palmeiras, todas em São Paulo, passaram a apoiar as atividades do grupo, que oferece serviços culturais e estimula a criação de teatros nesses municípios. Por esses municípios também passou o projeto de teatro itinerante Estradafora, que apresentou gratuitamente espetáculos para crianças de colégios da rede pública.
O projeto Estradafora conta com uma estrutura inflável capaz de receber 300 espectadores e tem com objetivo levar cultura e arte para cidades onde tradicionalmente essas atividades não chegam. Através do apoio do projeto Em Todos os Cantos, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, o Estradafora já percorreu – com filmes, teatro e atividades culturais – cerca de 50 cidades do interior paulista. As peças apresentadas são "O flautista mágico", com texto de Rubem Alves, para o público infantil, e "Auto da passagem", de José Ernesto Bologna, para o público adolescente. Este ano, a previsão é que o projeto passe pelo Nordeste em novembro e dezembro.
Outra iniciativa do Teatro de Tábuas é o ArteParaTodos, que leva espetáculos teatrais para cidades e bairros da periferia, com a intenção de criar um público habituado a consumir arte e cultura.
Já o Rede Integrada de Difusão Cultural pretende implantar unidades culturais interligadas por sistemas digitais onde poderão ser realizadas atividades de educação à distância e teleconferências. “A idéia é trabalhar pela democratização da arte, da cultura e da educação, facilitando o acesso a esses bens”, contou Daniel Salvi, um dos fundadores da ONG.
Em 2006, o projeto-piloto de uma escola livre de artes foi um dos premiados pela BrazilFoundation, organização que direciona recursos para projetos sociais de outras entidades nas áreas de educação, saúde, direitos humanos, cidadania e cultura. A idéia é capacitar jovens acima de 16 anos do distrito de Nova Aparecida em atividades como iluminação cênica, artes visuais, gravação e operação de som, computação gráfica, criação digital, dança, teatro e música. “O que queremos é integrar prática e teoria para formar profissionais ‘polivalentes’, aptos a atuarem em diversas áreas. O piloto vai durar dez meses e vamos atestar a metodologia para que ele posteriormente seja implantado na nossa sede, em Campinas, e em cidades com as quais temos parcerias”, explicou o ator e coordenador do projeto, Amauri Araújo Antunes.
O objetivo é preparar os jovens para atuar em diversas áreas, para que possam participar de todo o processo da criação artística. As aulas terão início no final de setembro e os alunos serão selecionados de acordo com critérios sociais e a partir de entrevistas.
Antunes também é coordenador do projeto de gestão cultural do município de Paraibuna, onde são realizadas oficinas semestrais de música, teatro, dança e artes visuais que atendem, atualmente, 180 alunos. Para ele, a arte pode gerar novas possibilidades para as cidades mais periféricas do Brasil. “Trabalhamos com o conceito de educação informal, que busca valorizar o trabalho e a criação do indivíduo. A arte e o teatro podem fortalecer a auto-estima das pessoas, na medida em que as faz buscar soluções criativas para diversas situações. Essas cidades da periferia possuem, na maioria das vezes, um horizonte de possibilidades de cultura e de conhecimento muito pequeno”, observa.
A integração entre arte e educação é uma das principais metas do Teatro de Tábuas, que já realizou quatro congressos de arte e educação e um encontro regional de professores, tendo atendido mais de mil educadores de diferentes cidades.
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