Autor original: Fausto Rêgo
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Em 30 de agosto de 1996, nascia a ramificação brasileira de uma das organizações não-governamentais mais atuantes do mundo: a WWF. A sigla, que ficou conhecida mundialmente como sinônimo da luta pela preservação ambiental, significa, traduzindo para o português, Fundação para a Vida Selvagem. Passados dez anos do início da sua atuação em território brasileiro, muita coisa mudou, segundo o superintendente de Conservação da entidade no Brasil, Leonardo Lacerda. Para ele, o grau de conscientização do brasileiro sobre a importância da preservação ambiental aumentou.
Embora admita que esse nível de conscientização ainda é insuficiente, Lacerda acredita que após a Rio-92, a conferência mundial sobre meio ambiente realizada no Rio de Janeiro, o Brasil passou a se dar conta da importância de seu papel nas negociações internacionais relacionadas ao meio ambiente. “Novas tendências surgem no país, como a maior preocupação com o consumo de produtos produzidos de forma sustentável, além de uma maior valorização do ecoturismo como uma atividade econômica importante”, analisa.
Para Lacerda, na última década, é preciso destacar o fortalecimento do poder da sociedade civil influenciando as decisões políticas. “Além disso, é preciso destacar o impacto positivo de uma atuação mais consistente do Ministério Público tanto nas ações que se referem às questões ambientais quanto nas sociais”, afirma.
Uma das frentes de atuação da organização, no Brasil e no exterior, é a divulgação de relatórios que analisam as condições ambientais em várias regiões do planeta. O relatório “Países ricos, água pobre” foi um dos que chamaram a atenção para o grave problema do abastecimento de água potável. “O que destacamos no relatório é o fato de que o Brasil, com 13,7% de toda a água do planeta, deve implementar medidas de gestão sustentável dos recursos hídricos. Somos um dos poucos países que possuem um Plano Nacional de Águas. Apenas 12% possuem um plano de gestão como esse, e devemos lutar, agora, pela sua implementação”, defende.
Os temas dos relatórios da WWF são amplos e sua força de divulgação é enorme. O recém-publicado “Virou fumaça” chama atenção para a ameaça das mudanças climáticas para o meio ambiente e o desenvolvimento humano na América Latina e no Caribe. “Buscamos mostrar como as mudanças climáticas estão afetando a vida de pessoas em várias regiões do mundo, principalmente aquelas com climas extremos”, diz Lacerda. Ele explica que é necessário evitar que o aumento da temperatura mundial ultrapasse o índice de 2%, e nesse contexto, o Brasil tem de assumir a sua responsabilidade. “Para isso, não só o governo, mas os indivíduos devem ter consciência de seu papel”, defende.
No Brasil, a WWF executa dezenas de projetos em parceria com ONGs regionais, universidades e órgãos governamentais. Desenvolve atividades de apoio a pesquisas, legislação e políticas públicas, educação ambiental e comunicação. Os projetos cobrem boa parte do território nacional e tratam de temas fundamentais para a conservação dos biomas brasileiros, tais como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal.
Para o superintendente da WWF-Brasil, é preciso comemorar esses dez anos, mas é necessário também começar a olhar para a próxima década. “Acredito que para os próximos dez anos devemos buscar formas alternativas de sustentabilidade e independência dos recursos externos na área de meio ambiente”, diz. Segundo ele, uma maneira eficaz de alcançar essa autonomia é através da implementação de medidas tais como o desconto no Imposto de Renda para empresários e indivíduos que doam recursos para a conservação. “É importante destacar também que a conservação do meio ambiente não pode ser vista como um entrave ao desenvolvimento do país. Precisamos, na verdade, de um modelo de desenvolvimento sustentável, que garanta a conservação de nossos recursos naturais.
O papel importante da WWF no mundo e a posição estratégica do Brasil como país de maior biodiversidade do planeta fazem do trabalho da organização aqui uma necessidade estratégica para a proteção do ecossistema mundial. “Esperamos que o Brasil assuma o seu papel na conservação da biodiversidade, reduzindo suas altas taxas de desmatamento na Amazônia e no Cerrado, por exemplo”, afirma Leonardo Lacerda. Mas muito precisa ser feito. “Temos uma matriz energética exemplar, mas, ao mesmo tempo, somos o 4º país em emissão de gás carbônico, por causa do desmatamento. Nossa meta é garantir que em 2020 esses índices de desmatamento cheguem a zero”.
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