Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
![]() Foto: www.just-a-minute.org | ![]() |
Todo esse processo pode levar apenas um minuto. É o tempo suficiente para uma pessoa sair um pouco de sua rotina estressante e refletir sobre os malefícios da alta velocidade do mundo moderno e assim melhorar sua vida – principalmente no trabalho. Por conseguinte, ainda torna o mundo mais pacífico, devido à melhoria espiritual. É o que defende a organização Brahma Khumaris, que promove, em 17 de setembro, o Dia do Minuto. O Just a minute day, na versão original, será um evento para celebrar uma parada no corre-corre da vida contemporânea e, promete a ONG, reunirá milhares de pessoas em diferentes países no momento em que, no Brasil, for meio-dia.
Nesse horário, haverá 12 mil pessoas no estádio de Wembley, em Londres, em busca de um minuto de silêncio. Sintonizadas, outras tantas na Rússia, na Argentina, na Espanha, na Alemanha e na África do Sul. Com elas, o público do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, alugado para abrir espaço para apresentações de dança, música e palestras sobre a “importância do silêncio”. Entre os participantes estarão o diretor da Biblioteca Nacional e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Muniz Sodré, e a atriz Cássia Kiss, encarregada de fazer uma “leitura dramática sobre o silêncio”. Pouco antes, aula de tai-chi-chuan, arte marcial chinesa baseada em movimentos lentos e sem falas ou gritos. A participação em todas as atividades é gratuita.
Todas as manifestações, de Londres a Moscou, passando por Rio e Buenos Aires, terão transmissão via internet, e cada cidade exibirá imagens do que acontece em outras.
Os eventos marcarão o início oficial de uma campanha mundial da Brahma Khumaris por um mundo melhor. “Nosso alvo são empresas, hospitais, escolas e pessoas”, explica Ana Lúcia Oliveira, coordenadora da campanha no Brasil. Oliveira diz que, no momento, os esforços da organização estão voltados para a organização do evento do dia 17. Porém, logo após o término das apresentações, o foco estará nas companhias privadas. Algumas, ainda não definidas, serão visitadas para receberem a proposta de conceder três ou quatro paradas de um minuto, no mínimo, durante o expediente. O desafio é provar que um funcionário mais relaxado produz mais.
O tempo concedido seria aproveitado com meditações sobre como as atitudes do dia-a-dia afetam sua saúde e a dos outros. “É uma questão de saúde e produtividade”, defende Ana Lúcia. “As pessoas precisam desacelerar para depois voltarem energizadas e concentradas em suas tarefas. Precisam se desligar e ligar novamente”. Não à toa, o símbolo da campanha é universalmente conhecido – um botão de liga e desliga, presente em vários eletrodomésticos. A campanha internacional já conta com músicas e desenhos animados que orientam os estressados a relaxar e limpar a mente. Em breve uma versão em português será produzida.
A publicitária Christina Carvalho Pinto, presidente da agência Full Jazz, é uma que acredita nessa idéia. Antes mesmo do lançamento da campanha, ela lançou um programa no escritório para permitir a todos os funcionários uma pausa de um minuto a cada hora. Durante o intervalo, pode-se pensar em tudo, menos em trabalho. Ela garante que a iniciativa tem dado certo.
“Hoje em dia, todos reclamam de tudo e culpam causas externas. Queremos trabalhar a responsabilidade individual por meio da meditação”, diz Ana Lúcia Oliveira. A coordenadora da campanha lembra que a meditação a que se refere não é apenas aquela com mantras, mas um “estudo da personalidade humana, algo com embasamento científico”. A Brahma Kumaris divulga estudos que comprovam a funcionalidade da meditação. Um deles, feito por pesquisadores da Academia Nacional de Ciências da Inglaterra, mostra que a prática pode aumentar a atividade mental, por elevar o número de conexões entre diferentes áreas do cérebro.
A ONG se intitula universidade espiritual e oferece aulas de meditação em 90 países do mundo. Além disso, é membro do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) e tem caráter consultivo no Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (Unicef). Foi fundada em 1936, na Índia, e hoje possui 8 mil escolas em 90 países. Todas as unidades participarão da campanha do minuto.
Ana Lúcia defende que a sociedade é um reflexo das ações tomadas por cada um em sua vida. “Mas essa conexão parece que não existe para as pessoas”, reclama. A organização acredita que as repostas para os desafios cotidianos estão na prática diária de valores como amor, confiança e cooperação, entre outros. “Temos esse poder, é só querer. E o querer é individual”, diz.
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