Autor original: Joana Moscatelli
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
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A luta dos povos da floresta amazônica deve muito ao seringueiro e militante político Francisco Alves Mendes Filho, internacionalmente conhecido como Chico Mendes. A partir de sua luta, foram criadas as primeiras reservas extrativistas na Amazônia e os seringueiros passaram a ser reconhecidos como trabalhadores rurais que vivem dos produtos da floresta e lutam por sua preservação. Por ter contrariado muitos interesses políticos e econômicos, Chico Mendes foi assassinado em 1988, mas seu legado permanece vivo na memória de quem apóia e busca o desenvolvimento sustentável da região.
Tanto é assim que, anualmente, desde 2002, o Ministério do Meio Ambiente concede prêmios a pessoas e instituições que, a exemplo do líder seringueiro, lutam pela preservação da Amazônia. O Prêmio Chico Mendes 2006 tem inscrições abertas até o dia 6 de novembro e vai contemplar lideranças individuais, associações comunitárias, ONGs, negócios sustentáveis e trabalhos na área de ciência e tecnologia, assim como aqueles que valorizam as referências culturais e ambientais das populações da Amazônia.
Em sua quinta edição, o prêmio oferece aos vencedores em cada categoria a quantia de R$ 20 mil. A idéia é reconhecer e estimular indivíduos, comunidades, organizações, empresas e instituições de pesquisa que contribuam para o desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável da Amazônia brasileira.
“É um prêmio sócio-ambiental, que incentiva ações que tenham uma visão mais abrangente da relação entre os seres humanos e o meio ambiente. Não se trata apenas de 'defender os bichinhos', mas de estimular um desenvolvimento que integre homem e meio ambiente de uma forma mais equilibrada, harmoniosa, com menos danos”, explica a secretária de Coordenação da Amazônia, Muriel Saragoussi. Ela, aliás, foi uma das primeiras lideranças individuais a serem contempladas pelo prêmio, em 2002. Na época, ainda eram concedidas premiações de segundo e terceiro lugares, e Saragoussi ficou atrás apenas da atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, então senadora pelo Acre, e de Dona Raimunda do Coco, como é conhecida a líder camponesa do Tocantis Raimunda Gomes da Silva. Muriel Saragoussi trabalhou desde 1985 como pesquisadora na Amazônia e apoiou movimentos sociais e políticas públicas em prol da preservação do bioma. “Esse é um prêmio que tanto incentiva indivíduos que se destaquem pela sua liderança ambiental como comunidades que buscam mudar os padrões de uso dos recursos naturais, mostrando que é possível desenvolver-se de forma sustentável”, acrescenta a secretária.
Ela também destaca que, ao contrário de outras premiações na área de meio ambiente, o Prêmio Chico Mendes contempla histórias e realizações, em vez de projetos futuros. O objetivo é “dar visibilidade ao conjunto de atores brasileiros que fazem a diferença”, explica.
Em 2003, o prêmio passou a ser oferecido a apenas uma pessoa ou entidade por categoria, além de ter sido criada a modalidade de arte e cultura. Para Saragoussi, a iniciativa é importante para dar visibilidade a quem tradicionalmente não tem espaço na nossa sociedade. Em 2005, por exemplo, a Associação dos Moradores do Riozinho do Anfrísio (PA), localizada numa região do Pará de muito conflito pela terra, grilagem e problemas de violência, foi uma das vencedoras. “Essa comunidade tem 90% de analfabetos e o Brasil sequer se dava conta de sua existência. Graças à luta da Associação, foi criada uma reserva extrativista da região”, conta a secretária.
Entre os critérios de avaliação das categorias estão: efetividade, impacto social e ambiental, potencial de difusão, originalidade, adesão e participação social. As fichas de inscrição e o regulamento estão disponíveis em www.mma.gov.br. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo correio eletrônico programapiloto@mma.gov.br ou pelos telefones (61) 4009-1326 e (61) 4009-1441. O resultado sai no dia 28 de novembro.
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