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Rede Cais

Autor original: Mariana Hansen

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Com o objetivo principal de dar apoio àqueles que combatem a exclusão social no Brasil, foi desenvolvida a Comunidade de Aprendizagem para a Inclusão Social, também denominada de Rede Cais. O projeto é a adaptação para o Brasil da iniciativa portuguesa Centro Informático de Aprendizagem e de Recursos sobre a Inclusão Social (Ciaris), criado no âmbito do Programa Estratégias e Técnicas contra a Exclusão Social e Pobreza (Step), desenvolvido pela Organização Mundial do Trabalho (OIT).

Quatro entidades brasileiras – o Laboratório Território e Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LABTeC, ligado à Escola de Serviço Social da UFRJ), a Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), a Expo Brasil Desenvolvimento Local e o Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC) – assumiram a missão de trazer para a realidade nacional a proposta portuguesa.

"O objetivo é que, organizada em forma de rede, a Cais funcione como um espaço comum para o debate e as trocas das diferentes lutas e experiências. Ou seja, juntar em uma rede experiências de luta concreta contra a exclusão social", resume o coordenador do LABTeC, Giuseppe Cocco, que está à frente do projeto. “Toda a Plataforma é destinada à aprendizagem e ao intercâmbio de experiências, conhecimentos, práticas e idéias. Ou seja, um espaço para o fortalecimento das pessoas e organizações que atuam no combate à exclusão social em todos os níveis e camadas”, complementa o coordenador de Redes Sociais da Rits, Carlos Antônio.

Através de uma plataforma virtual de aprendizagem, a Rede Cais pretende oferecer cursos à distância em diferentes módulos e ainda um espaço aberto onde qualquer pessoa ou instituição poderá ter acesso a conteúdos críticos sobre a questão da exclusão social e sobre as formas de combatê-la. Os temas focados atualmente são desenvolvimento local integrado e sustentável, trabalho, educação e discriminação racial. “Todo o trabalho tem como norte ou tema transversal o combate à exclusão social e por isso outras temáticas ainda serão incorporadas neste espaço de debate”, ressalta Flávia Neves, da Rits, que participa da implementação do projeto.

A escolha por uma plataforma virtual parte da necessidade de envolver grupos em diferentes lugares e de diferentes organizações. Uma diferença da iniciativa brasileira em relação à portuguesa é o uso de software livre para desenvolver a plataforma. No caso do Brasil, é utilizado o Moodle. O diretor executivo da Rits, Paulo Lima, conta que a parceria com a Rits aconteceu devido ao trabalho e a experiência da entidade na área de comunicação à distância e no trato com telecentros. “A experiência se identifica com a missão da Rits que é o fortalecimento da sociedade civil com o uso estratégico das tecnologias de informação e comunicação”, ressalta.

A Cais é organizada em quatro blocos de conteúdo. O primeiro, “Combatendo a exclusão”, é o espaço conceitual e teórico, onde estão disponibilizados artigos, textos e notícias para qualquer pessoa que acesse o site da iniciativa. Na “Comunidade de aprendizagem virtual” pode-se ter acesso aos cursos à distância, que estão disponíveis apenas para atores sociais envolvidos em organizações parceiras e serão ministrados por consultores dentro de seus temas de estudo.

Em um terceiro bloco há o “Guia de ação”, um conjunto de textos que facilitam as ações e práticas cotidianas das organizações ou grupos que trabalham com o intuito de combater a exclusão social. Ainda há uma série de publicações e exemplos de apoio. E, por fim, a Rede Cais fornece uma listagem de iniciativas ou entidades que atuam com diferentes temáticas pertinentes ao debate proposto pelo projeto.

Atualmente, existem duas aplicações experimentais das atividades da Cais, que envolvem a Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT-RJ) e a Agência de Desenvolvimento Local da Cidade de Deus. No caso da CUT-RJ, Giuseppe Cocco conta que o propósito é que “o sindicato consiga lidar com os movimentos dos trabalhadores informais”.

Para Paulo Lima o grande desafio da Rede Cais “é a formação de quadros que dominem os temas de combate à pobreza, espalhados pelo país, e que tenham condições e capacidade de, com sua criatividade, propor intervenções no território a partir do acúmulo que é ofertado por essa experiência”. Sobre as expectativas para a iniciativa, Cocco resume: "continuar desenvolvendo a rede para que se torne cada vez mais um lugar comum para a troca de experiências".

Mariana Hansen

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