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Planeta vivo. Mas até quando?

Autor original: Fausto Rêgo

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Planeta vivo. Mas até quando?
Imagem extraída do Relatório/2006
A Rede WWF criou o Relatório Planeta Vivo em 1998, para mostrar o estado do ambiente natural e o impacto exercido por atividades humanas.

As notícias não são boas. O Planeta Vivo 2006 confirma que consumimos os recursos naturais em um ritmo superior à sua capacidade de renovação – os últimos dados disponíveis (relativos a 2003) indicam que a Pegada Ecológica da humanidade, uma medida de nosso impacto sobre o planeta, mais que triplicou desde 1961. Nossa Pegada Ecológica agora supera a capacidade de regeneração do mundo em aproximadamente 25%.

As conseqüências da crescente pressão que exercemos sobre os sistemas naturais da Terra são ao mesmo tempo previsíveis e catastróficas. O outro índice utilizado neste documento, o Planeta Vivo, mostra uma perda rápida e contínua de biodiversidade. Populações de espécies de vertebrados sofreram redução de aproximadamente um terço desde 1970, o que confirma tendências anteriores.

A mensagem desses dois indicadores é clara e urgente: nos últimos 20 anos, excedemos a capacidade de a Terra suportar nossos estilos de vida, e é necessário parar. Precisamos equilibrar nosso consumo e a capacidade de regeneração da natureza, e reduzir os resíduos. Caso contrário, corremos o risco de danos irreparáveis.

Sabemos por onde começar. A maior contribuição para a nossa Pegada Ecológica é o modo como geramos e consumimos energia. O Living Planet indica que nossa dependência de combustíveis fósseis para suprir a demanda continua crescendo e que as emissões causadoras de mudanças climáticas já representam 48% – quase metade – da Pegada Ecológica global.

Este documento mostra também que o desafio de reduzir a nossa Pegada Ecológica está intimamente ligado aos modelos atuais de desenvolvimento. Ao comparar a Pegada Ecológica a uma medida reconhecida de desenvolvimento humano – o Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas – o relatório mostra claramente que o que atualmente aceitamos como “alto desenvolvimento” está bastante longe do objetivo de sustentabilidade determinado pela comunidade internacional.

Atualmente, ao melhorarem o bem-estar das suas populações, eles se desviam da meta de sustentabilidade e caminham para a utilização de duas vezes mais recursos do que o planeta pode manter. É inevitável que tal caminho limite a capacidade de países pobres se desenvolverem e de países ricos manterem a prosperidade.

É hora de tomarmos decisões vitais. A mudança que melhora os estilos de vida, reduzindo ao mesmo tempo o consumo com impacto negativo sobre o mundo natural, não será fácil de concretizar. Mas é preciso reconhecer que as escolhas que fizermos agora moldarão as oportunidades do futuro. Cidades, usinas de energia e casas construídas hoje poderão aprisionar a sociedade em um consumo excessivo que se estenderá para além de nossas vidas, ou poderemos começar a estimular a atual geração e as futuras a adotarem um modo de vida sustentável.

A boa notícia é que isso pode ser feito. Já existem tecnologias capazes de reduzir a nossa Pegada Ecológica, incluindo aquelas que poderiam reduzir seriamente as emissões de CO2 prejudicais ao clima. Algumas já estão em uso. O WWF trabalha com empresas que trabalham para reduzir sua pegada, cortando emissões de carbono e promovendo a sustentabilidade em outros setores, da pesca às florestas. Também trabalhamos com governos que se esforçam para reduzir a perda de biodiversidade por meio da proteção de habitats vitais em uma escala sem precedentes.

Mas todos devemos fazer mais. A mensagem do Relatório Planeta Vivo 2006 é de que estamos vivendo além de nossas possibilidades, e que as escolhas feitas hoje determinarão as possibilidades das gerações que nos sucederão.

Jim Leape, diretor-geral do WWF Internacional (www.wwf.org).

* Este é o prólogo do relatório Planeta Vivo 2006, que pode ser baixado na íntegra, nesta página, na área de Downloads (no alto, à direita).





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