Autor original: Mariana Hansen
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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A entidade se propõe a somar esforços com a sociedade civil e o Estado na criação e manutenção de serviços educativos e sociais nas periferias das grandes cidades e na realidade rural. Presente em vários países da América Latina e do Caribe – Equador, Panamá, Peru, Bolívia, El Salvador, Colômbia, Nicarágua, Guatemala, República Dominicana, Paraguai, Argentina, Honduras, Chile e Haiti -, a entidade busca respostas significativas às necessidades de seus alunos e famílias.
No Brasil, a instituição chegou em um “momento de efervescência política, quando a sociedade buscava mudanças profundas na sua forma de governo, exigindo maior participação e abertura democrática”, conta o Padre Carlos Fritzen, presidente da Fé e Alegria no país. As primeiras ações - programas de atendimento à criança e fortalecimento das organizações de trabalhadores rurais - se deram em Mato Grosso e, a partir de 1984, o movimento de educação popular começou a se expandir para outros estados.
Com o tempo, o atendimento foi estendido aos jovens e adolescentes em idade escolar com projetos de educação não-formal através de seminários e oficinas em centros de juventude. Padre Carlos conta que “atualmente, a organização também implementa sua proposta de educação popular e promoção social. Capacitamos nossos educadores, assim como os da rede pública, com programas de formação de educadores e na defesa dos direitos da criança e do adolescente”.
A metodologia assumida pela entidade de “educação popular Paulo Freire” é vista por seus integrantes como um dos paradigmas mais ricos da pedagogia latino-americana contemporânea. Ela parte de dois princípios: o estudo da realidade, que é a fala do educando, e o da organização de dados, a fala do educador. “O importante não é transmitir só conteúdos específicos e gerais, mas despertar no educando uma maior consciência de sua participação comunitária, exercendo sua cidadania. Enfim, temos, na nossa metodologia e nosso horizonte, o rosto do povo sofrido e a opção popular da Igreja pós-conciliar”, explica o Padre Carlos.
Para tentar influenciar mais eficazmente em políticas públicas, a instituição é membro do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), assim como do Fórum Nacional Permanente de Entidades Não-Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA). “Por vários anos, compomos estes espaços de debate, nacionais e estaduais, de direitos da criança e adolescente. Nesse processo contribuímos, junto com outras entidades, na implantação do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], assim como de políticas públicas da infância e adolescência. Um exemplo, é o Sinase [Sistema Nacional de Atendimento Sócio-Educativo]”, ressalta.
Outras formas de cidadania e promoção humana também são desenvolvidas e praticadas pela Fé e Alegria. Entre as atividades, há emissoras de rádio, programas de educação para adultos, cursos de capacitação para o trabalho e reinserção escolar, ações para formação profissional, cooperativas e micro-empresas. A Fundação ainda conta com projetos de desenvolvimento comunitário nas áreas de saúde e cultura indígena, assim como a edição de materiais educativos.
Todas as ações da Fundação são desenvolvidas através de projetos subvencionados por diversas entidades. Atualmente, organiza-se seguindo a estrutura das Províncias e Regiões da Companhia de Jesus no Brasil. Suas ações sociais e culturais se estendem por 11 estados brasileiros - Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Norte, Tocantins, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. No ano passado, cerca de 60 mil pessoas foram beneficiadas em todo país, o que para o Padre Carlos ainda não é suficiente. “O horizonte e perspectivas que vislumbramos são imensos. O jubileu que agora celebramos consolida nosso trabalho e nos abre para enormes desafios. A mão oferecida à população brasileira é um compromisso irrenunciável dos jesuítas e dos seus parceiros com o povo empobrecido, garantido-lhes os seus direitos e seus melhores sonhos”.
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