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Mais cultura na Parada

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Mais cultura na Parada
Projeto musical em Parada de Lucas
Foto: Evandro João Silva
O Grupo Cultural AfroReggae inaugura na próxima semana o Centro Cultural Lorenzo Zanetti na comunidade de Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O espaço, ampliação de uma antiga casa utilizada pela ONG para oferecer aulas de informática, agora será mais diversificado. Já estão em funcionamento oficinas de violino, teatro, história em quadrinhos, capoeira e de alfabetização de adultos. Para breve estão programadas classes de piano, flauta, coral e dança.

“Nosso objetivo é ampliar o corredor cultural existente entre Vigário Geral e Parada de Lucas”, diz Evandro João, coordenador da “filial” do AfroReggae em Lucas. As duas comunidades são controladas por facções de traficantes rivais e os confrontos entre os bandos fizeram com que a rua que divide as duas áreas seja conhecida por “faixa de gaza”, em referência à região disputada por palestinos e israelenses.

Atualmente, são atendidas pelo centro cultural 400 pessoas, entre crianças, jovens e adultos. “Não temos o objetivo de atender a uma faixa etária específica, mas, na prática, a maioria dos frequentadores é composta por adolescentes e jovens”, afirma João. Algumas atividades pedem uma idade mínima para que sejam melhor aproveitadas, contudo. Para fazer parte do teatro, por exemplo, é necessário ter ao menos 12 anos, assim como na oficina de história em quadrinhos. Nas demais, não há qualquer restrição. Por isso, os computadores do laboratório de informática são utilizados por crianças e idosos, por exemplo.

Entre os beneficiários do projeto, bancado integralmente pelo AfroReggae, está André Laportt, de 22 anos. Ele conta que começou pelas aulas de violino por causa de seu interesse pela música. “Já tinha feito curso de bateria, guitarra, violão, baixo, mas estava parado quando começaram a oferecer violino”, lembra. Está há pelo menos um ano aprendendo a tocar o delicado instrumento que lhe agrada bastante e, inclusive, inspirou-o a procurar por uma vaga na faculdade de música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Está decidido a prestar vestibular no próximo ano para “um dia, se der, virar professor”. Enquanto espera pela prova e para comprar um violino próprio, utiliza o do AfroReggae.

O Centro Cultural Lorenzo Zanetti é uma continuação do projeto “Rompendo Fronteiras”, que começou em 2001 como oficina de inclusão digital. Com o passar do tempo, a ONG modificou a metodologia dando mais atenção à educação popular pensada por Paulo Freire e utilizada pelo educador italiano que dá nome ao espaço. O AfroReggae fez obras na casa, hoje um prédio de três andares, para poder oferecer mais cursos. “A demanda é muito grande”, diz João.

O centro cultural funciona a pleno vapor desde setembro de 2005, mas só agora será oficialmente inaugurado, pois ainda faltavam alguns reparos e acabamentos. No dia 26 de novembro haverá um evento de inauguração na comunidade, com a presença de Luciano Huck, Gilberto Gil, Casseta e Planeta e Regina Casé.

Marcelo Medeiros

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