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Programa brasileiro é elogiado

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

O Programa Nacional de DST e Aids foi elogiado tanto na conferência organizada pelo Pnud quanto no relatório da Unaids. Não à toa, boletim do Ministério da Saúde mostra que o número de casos de infecção permanece estável desde 2000.

“As epidemias na América Latina seguem geralmente estáveis, com o exemplo concreto do Brasil, que ilustra como insistir duplamente na prevenção e no tratamento pode manter a epidemia do HIV sob controle”, diz o documento. A afirmação foi confirmada pelo assessor-adjunto de Cooperação Externa do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mauro Figueiredo, durante o evento realizado em Brasília. “O Brasil conseguiu estabilizar a taxa de incidência do HIV em torno de 0,61% da população entre 15 e 49 anos, mesmo nível registrado em 2000”, disse Figueiredo. Atualmente, há cerca de 620 mil brasileiros convivendo com o vírus.

O Ministério da Saúde acredita que a fórmula do sucesso é a parceria entre governo e organizações não-governamentais (ONGs) nas campanhas de prevenção, assim como a distribuição de preservativos e remédios na rede pública de saúde. A metodologia foi elogiada por Lily Ohiorhenuan, representante do grupo de HIV/Aids do Pnud, que também esteve na capital federal. “A universalização do tratamento e a abertura para as ONGs trabalharem em conjunto com o governo, sem dúvida, são experiências que têm de ser expandidas para outros países”, afirmou.

Apesar dos elogios, ambas as partes reconhecem que o programa precisa mudar para continuar evitando o crescimento da epidemia. Uma das evidências é a mudança do perfil da pessoa com HIV. Se por um lado a quantidade de homossexuais e usuários de drogas injetáveis infectados estabilizou-se, por outro, o número de casos em heterossexuais na população de baixa renda e nas cidades pequenas tem aumentado. “Está ocorrendo uma interiorização da aids por causa do crescimento populacional nas pequenas e médias cidades”, diz Figueiredo.

Outro desafio é o preço dos medicamentos anti-retrovirais, cada vez mais caros. Em 2003, o governo gastava US$ 1.359 com remédios por paciente. No ano passado, o custo ficou em torno de US$ 2,5 mil. De acordo com a advogada Renata Reis, da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), o aumento de custos se deve a duas causas: o sucesso do programa, que leva as pessoas a viverem por períodos maiores e o aumento dos preços dos medicamentos. “Os primeiros medicamentos utilizados no combate à aids são produzidos no Brasil e têm menor custo. Graças a eles, os pacientes vivem mais, porém passam a precisar de novos medicamentos. Os mais modernos são patenteados, por isso o governo precisa comprar de grandes laboratórios internacionais, o que encarece bastante o tratamento”, explica. A distribuição de medicamentos, no entanto, poupa dinheiro da internação. Segundo o Ministério da Saúde, de 1997 a 2004 foram economizados R$ 5 bilhões. “A política de distribuição é um sucesso que deveria ser copiado internacionalmente”, diz Renata.

Marcelo Medeiros

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