Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
![]() Capa da cartilha | ![]() |
Apesar de sua complexidade, o assunto é tratado de forma simples – mas não superficial. Todos os capítulos trazem um breve histórico do tema, explicações e referências recentes, como discussões relacionadas a projetos de lei ou casos que tiveram repercussão na mídia. “É um tema difícil de traduzir para o grande público, mas procuramos escrever a cartilha sem linguagem acadêmica ou técnica”, diz Alejandra Rotania, diretora executiva da Ser Mulher e organizadora da publicação. O caderno será distribuído a movimentos sociais e organizações da sociedade civil que tenham interesse nos assuntos abordados.
A intenção é quebrar preconceitos e mostrar como questões aparentemente técnicas e restritas a determinadas áreas de conhecimento, entre elas a medicina e a biologia, podem e devem ser debatidas por quem trata de política e luta por direitos humanos e sociais. Um exemplo é a bionanotecnologia. A nanotecnologia é um conjunto de técnicas utilizadas para manipular objetos, vivos ou não, do tamanho de moléculas. Assim é possível alterar características de qualquer objeto e dar-lhe novas utilidades ou aumentar seu rendimento.
A modificação das moléculas da borracha, entre outras propriedades, pode dar a ela mais resistência, reduzindo o desgaste de pneus. Algo tão simples, mas com procedimentos tão complicados, já está sendo feito e traz conseqüências. Entre elas, tempo mais longo de uso de pneus e, por conseguinte, menos lixo; variação do preço do produto no mercado internacional e alteração da economia das regiões produtoras. Ou seja, algo que poderia ser restrito a laboratórios toma proporções gigantescas – por isso mesmo, precisa ser examinado sob diferentes pontos de vista.
“Precisamos ligar essas novidades ao cotidiano das pessoas, pois elas obedecem a uma linha política vigente que precisa ser criticada. Os diferentes setores têm que ser vistos de forma integrada, para que o leque de informações disponíveis se abra”, diz Rotania. Por isso, ao final de cada capítulo, há uma série de perguntas que estimulam o debate. No caso da nanotecnologia, as questões se referem à necessidade de uma discussão mais profunda em torno do tema, sobre quem seriam os beneficiários de tais alterações e como essa técnica poderia ser utilizada de forma a diminuir a pobreza.
No fim da cartilha, há propostas para que a biotecnologia tenha um bom uso no Brasil e no exterior. Uma delas é a proibição de plantio e comercialização de produtos transgênicos, além da organização de seminários e protestos sempre que qualquer alteração genética possa prejudicar o meio ambiente e a humanidade. Há ainda uma extensa bibliografia sobre o tema, assim como uma lista de sites que o abordam.
O termo biopolítica foi popularizado pelo filósofo francês Michel Foucault, que mostrou como o corpo e a sexualidade foram e são usados, ao longo da história, com fins políticos. Hoje, os estudiosos da biopolítica abordam como a humanidade tem usado o conhecimento para alterar ciclos de vida e de que forma – com atenção especial para os lucros obtidos a partir de tais experimentos. Segundo eles, a vida estaria se tornando uma mercadoria, e essa manipulação traz conseqüências graves.
A cartilha produzida pela Ser Mulher está disponível para download, em formato PDF, no site da Fundação Heinrich Böll [veja na área de Links desta página, no alto, à direita].
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