Autor original: Luísa Gockel
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
![]() Capa do relatório | ![]() |
Com a pergunta "O Rio tem futuro?", o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e a Macroplan realizaram pesquisa sobre a cidade que já foi conhecida por ser maravilhosa, mas que agora ganha notoriedade pela violência. Especialmente depois dos ataques à Polícia Militar ocorridos nos últimos dias de 2006.
O objetivo do estudo - qualitativo e quantitativo e cujo relatório preliminar acaba de ser lançado - foi mapear as principais percepções, expectativas e propostas de atores que ocupam posições de destaque na sociedade fluminense.
O estudo foi feito durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2006. Na pesquisa qualitativa foram ouvidas 150 pessoas e, na opinativa, cerca de mil indivíduos. Claudio Porto, da Macroplan, que coordenou a pesquisa ao lado de André Urani, do Iets, acredita que a pesquisa pode ser útil para as pessoas que fazem parte do governo e para organizações do terceiro setor que monitoram e propõem políticas públicas. “Nós procuramos não ficar só no diagnóstico, mas nos preocupamos com as proposições também”, diz Porto.
De acordo com a assistente de pesquisa, Carla Jucá, do Iets, a idéia era juntar na pesquisa qualitativa pessoas com conhecimentos diferentes para saber o que esse grupo heterogêneo pensa sobre a cidade. “É uma pesquisa muito importante porque faz as pessoas pararem para pensar na cidade. É um desafio e estimula a sociedade civil e o empresariado a serem mais críticos a partir do momento que a sua opinião está sendo considerada”, avalia.
Claudio Porto conta que a idéia era pegar uma amostra da sociedade civil fluminense através de pessoas formadoras de opinião, como intelectuais, jornalistas e representantes do terceiro setor.
Um aspecto ressaltado pelos dois pesquisadores foi a ligação emocional dos entrevistados – fluminenses por nascimento ou por opção – com o Rio. “Observamos que falar sobre o Rio motiva as pessoas. Elas sempre dispensavam mais tempo do que o combinado para as entrevistas”, diz Carla. “Há uma ligação emocional muito forte com o Rio de Janeiro mesmo entre os que não nasceram aqui, mas adotaram a cidade”, afirma Porto.
Como era esperado, a violência foi a principal reclamação dos entrevistados, citada por 773 pessoas. Em segundo lugar, a favelização da cidade, mencionada por 521 entrevistados. “A violência é o fator mais citado, o problema mais urgente”, diz Porto. Segundo ele, a falta de lideranças agregadoras também foi lembrada. “Outra reclamação freqüente foi a necessidade de mais parcerias entre os setores público e a sociedade”, lembra Porto.
Um dado que chamou a atenção do coordenador foi o fato dos cinco pontos positivos mais lembrados da cidade estarem ligados às belezas naturais, recursos naturais, localização ou à população. “Questões relacionadas à infra-estrutura, conhecimento e capital humano foram deixadas de lado”, lamenta Porto.
O que mais surpreendeu, segundo ele, foi o fato do quanto essas questões ligadas à informação e ao conhecimento estão distantes dos formadores de opinião e ainda não são vistas como geradoras de negócios. “Em São Paulo ou Florianópolis, isso certamente seria diferente. Estamos pensando o futuro com ferramentas do passado. Temos de pensar mais em tecnologias, em conhecimento. O Rio tem a segunda maior infra-estrutura de centros de pesquisa do país e isso não é muito lembrado”, afirma Porto.
O levantamento, segundo Porto, trouxe como contribuição uma agenda institucional muito forte e uma gama de prioridades que devem ser consideradas, como habitação, gestão urbana e economia. “Combater a corrupção e promover a transparência estão entre as propostas dos entrevistados para recuperar a competitividade do Rio”, diz.
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