Você está aqui

Fixados na Amazônia

Autor original: Mariana Hansen

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor






Fixados na Amazônia
Desde de 2005, o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), em parceria com a Fundação Moore, apóia estudantes, pesquisadores e outros profissionais que atuam na área de conservação da floresta amazônica, através do Programa de Bolsas de Estudo para a Conservação da Amazônia (Beca). A iniciativa está com inscrições abertas até 30 de março para a primeira chamada de projetos de 2007. A próxima será no segundo semestre.

O Beca é uma das iniciativas de fomento do IEB e concede bolsas de estudo para pessoas engajadas em conservação, uso sustentável e repartição de benefícios provenientes da biodiversidade da Amazônia brasileira. O programa visa a qualificar estudantes desde o nível médio, até a pós-graduação, assim como líderes comunitários e técnicos de organizações não-governamentais, governamentais e privadas.

Três modalidades de apoio são oferecidas pelo programa: Pequenos Apoios, Bolsas de Pós-graduação e Desenvolvimento Profissional. A primeira modalidade consiste na concessão de auxílio financeiro para pesquisas ligadas a trabalhos de conclusão de cursos de graduação. A segunda é para estudos de pós-graduação no país. E a última apóia a participação de técnicos, profissionais, estudantes e líderes comunitários em cursos de pequena duração, treinamento técnico, viagens de estudo, seminários, reuniões de trabalho e intercâmbios no país ou no exterior.

A especialista em gestão de conhecimento do IEB, Nurit Bensusan, conta que a entidade foi convidada pela Fundação Moore a apresentar um projeto na área de fomento para participar da Iniciativa Andes-Amazônia de conservação de processos ecológicos de larga escala. “O apoio financeiro da Fundação vai até 2009. Mas, temos a expectativa de renovar, mesmo que com outro formato”, revela.

A satisfação com a qualidade das candidaturas é deixada bem clara por Nurit, que ainda destaca o reconhecimento da importância do programa. “Fizemos um encontro dos bolsistas do Amazonas e do Pará, e a impressão que tivemos foi bastante positiva. Foi um intercâmbio entre os bolsistas e o Instituto, onde também conversamos com os professores e orientadores. O Beca está contribuindo na região. Ele faz uma diferença incrível”, alegra-se.

De acordo com Nurit, a contribuição do programa pode ser vista, de forma mais resumida, por dois aspectos. “Primeiro, o apoio dado aos estudantes de baixo poder aquisitivo, que não conseguiriam se manter em Belém ou Manaus para estudar. A bolsa é fundamental para a conclusão do estudos”, exemplifica.

Por outro lado temos a diferença feita junto a pesquisas. Para este caso, Nurit fala de uma pesquisa sobre espécies do boto tucuxi. Com o apoio do Beca, a pesquisadora pode viajar para aprofundar seus estudos, o que deu um novo direcionamento à pesquisa. “Esse exemplo ilustra bem a diferença que nosso apoio fez na realização da pesquisa. Sem o apoio para a viagem, ela não teria avançado como avançou”, reitera.

É importante esclarecer que a bolsa oferecida pelo Beca não segue o “modelo clássico”, onde o bolsista recebe certa quantia por mês para estudar e se candidata antes mesmo de começar. Na maior parte dos casos, o apoio é dado a pessoas que já estão estudando ou com uma pesquisa em andamento. “Nosso apoio é complementar. E as bolsas duram até 24 meses. Por exemplo, para estudantes de graduação o apoio é menor, geralmente para trabalhos de conclusão de curso. O suporte financeiro é somente para coisas bem definidas, com o orçamento descrito no momento da candidatura”, explica Nurit.

Fixação

Para cumprir o objetivo principal do programa - a conservação da Amazônia brasileira - é importante não só apoiar os pesquisadores e profissionais, mas também garantir que estes continuem na região contribuindo para a sua conservação.

“Hoje temos um cenário de pouco capital humano na Amazônia. O Brasil forma 10 mil doutores por ano e só 50 são na Amazônia. Atualmente, são mil doutores fixados na região e fazendo pesquisa. É um déficit que precisa ser sanado”, analisa a especialista. Nurit reforça a necessidade de apostar na qualificação e fixação desses profissionais na região. “Para o futuro esperamos ter uma Beca com cara diferente, dando alternativa de apoio para fixar essas pessoas na Amazônia”, torce.

O desejo de que essas pessoas permaneçam na Amazônia contribuindo para a sua conservação não é só do IEB, mas também dos próprios profissionais. Infelizmente, boa parte deles não tem apoio para isso. Nurit aponta como uma possível solução o estímulo para que pessoas da região se capacitem.

O Instituto já estuda propostas para o problema da fixação, assim como para dar apoio para o fortalecimento institucional. “Até agora temos dois desenhos possíveis. Primeiro, inserir esses doutores em instituições que gostaríamos de ver fortalecidas, como o Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia]. Ou em Unidades de Conservação, as UCs. Hoje temos uma crise de gestão e pesquisa nas UCs. Essas pessoas ajudariam na gestão e também contribuiriam para seu fortalecimento, pois o que falta é capacitação. Vamos juntar pessoas capacitadas e UCs”, adianta a especialista.

O edital completo do Beca está disponível em www.iieb.org.br, assim como outras informações sobre o IEB. Mais informações também pelo correio eletrônico beca@iieb.org.br.

Mariana Hansen

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer