Autor original: Mariana Hansen
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
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O Beca é uma das iniciativas de fomento do IEB e concede bolsas de estudo para pessoas engajadas em conservação, uso sustentável e repartição de benefícios provenientes da biodiversidade da Amazônia brasileira. O programa visa a qualificar estudantes desde o nível médio, até a pós-graduação, assim como líderes comunitários e técnicos de organizações não-governamentais, governamentais e privadas.
Três modalidades de apoio são oferecidas pelo programa: Pequenos Apoios, Bolsas de Pós-graduação e Desenvolvimento Profissional. A primeira modalidade consiste na concessão de auxílio financeiro para pesquisas ligadas a trabalhos de conclusão de cursos de graduação. A segunda é para estudos de pós-graduação no país. E a última apóia a participação de técnicos, profissionais, estudantes e líderes comunitários em cursos de pequena duração, treinamento técnico, viagens de estudo, seminários, reuniões de trabalho e intercâmbios no país ou no exterior.
A especialista em gestão de conhecimento do IEB, Nurit Bensusan, conta que a entidade foi convidada pela Fundação Moore a apresentar um projeto na área de fomento para participar da Iniciativa Andes-Amazônia de conservação de processos ecológicos de larga escala. “O apoio financeiro da Fundação vai até 2009. Mas, temos a expectativa de renovar, mesmo que com outro formato”, revela.
A satisfação com a qualidade das candidaturas é deixada bem clara por Nurit, que ainda destaca o reconhecimento da importância do programa. “Fizemos um encontro dos bolsistas do Amazonas e do Pará, e a impressão que tivemos foi bastante positiva. Foi um intercâmbio entre os bolsistas e o Instituto, onde também conversamos com os professores e orientadores. O Beca está contribuindo na região. Ele faz uma diferença incrível”, alegra-se.
De acordo com Nurit, a contribuição do programa pode ser vista, de forma mais resumida, por dois aspectos. “Primeiro, o apoio dado aos estudantes de baixo poder aquisitivo, que não conseguiriam se manter em Belém ou Manaus para estudar. A bolsa é fundamental para a conclusão do estudos”, exemplifica.
Por outro lado temos a diferença feita junto a pesquisas. Para este caso, Nurit fala de uma pesquisa sobre espécies do boto tucuxi. Com o apoio do Beca, a pesquisadora pode viajar para aprofundar seus estudos, o que deu um novo direcionamento à pesquisa. “Esse exemplo ilustra bem a diferença que nosso apoio fez na realização da pesquisa. Sem o apoio para a viagem, ela não teria avançado como avançou”, reitera.
É importante esclarecer que a bolsa oferecida pelo Beca não segue o “modelo clássico”, onde o bolsista recebe certa quantia por mês para estudar e se candidata antes mesmo de começar. Na maior parte dos casos, o apoio é dado a pessoas que já estão estudando ou com uma pesquisa em andamento. “Nosso apoio é complementar. E as bolsas duram até 24 meses. Por exemplo, para estudantes de graduação o apoio é menor, geralmente para trabalhos de conclusão de curso. O suporte financeiro é somente para coisas bem definidas, com o orçamento descrito no momento da candidatura”, explica Nurit.
Fixação
Para cumprir o objetivo principal do programa - a conservação da Amazônia brasileira - é importante não só apoiar os pesquisadores e profissionais, mas também garantir que estes continuem na região contribuindo para a sua conservação.
“Hoje temos um cenário de pouco capital humano na Amazônia. O Brasil forma 10 mil doutores por ano e só 50 são na Amazônia. Atualmente, são mil doutores fixados na região e fazendo pesquisa. É um déficit que precisa ser sanado”, analisa a especialista. Nurit reforça a necessidade de apostar na qualificação e fixação desses profissionais na região. “Para o futuro esperamos ter uma Beca com cara diferente, dando alternativa de apoio para fixar essas pessoas na Amazônia”, torce.
O desejo de que essas pessoas permaneçam na Amazônia contribuindo para a sua conservação não é só do IEB, mas também dos próprios profissionais. Infelizmente, boa parte deles não tem apoio para isso. Nurit aponta como uma possível solução o estímulo para que pessoas da região se capacitem.
O Instituto já estuda propostas para o problema da fixação, assim como para dar apoio para o fortalecimento institucional. “Até agora temos dois desenhos possíveis. Primeiro, inserir esses doutores em instituições que gostaríamos de ver fortalecidas, como o Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia]. Ou em Unidades de Conservação, as UCs. Hoje temos uma crise de gestão e pesquisa nas UCs. Essas pessoas ajudariam na gestão e também contribuiriam para seu fortalecimento, pois o que falta é capacitação. Vamos juntar pessoas capacitadas e UCs”, adianta a especialista.
O edital completo do Beca está disponível em www.iieb.org.br, assim como outras informações sobre o IEB. Mais informações também pelo correio eletrônico beca@iieb.org.br.
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