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Sobre rodas, o mesmo direito

Autor original: Luísa Gockel

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Sobre rodas, o mesmo direito
Táxi com elevador para acesso de cadeiras
de rodas | Cooptaxi RJ
Há quatro anos, a cooperativa de táxis especiais Especial Coop foi fundada no Rio de Janeiro (RJ). Desde então, seu idealizador, Antônio Amaral, experimentou uma verdadeira peregrinação por bancos e possíveis financiadores até conseguir colocar a idéia em prática. Taxista há mais de 20 anos, Amaral observava a via crúcis que cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção enfrentavam quando precisavam de um táxi. Mas agora o projeto virou realidade. Desde o último dia 17, idosos e pessoas com deficiência contam com oito táxis adaptados rodando pela cidade.

A idéia da cooperativa é atender qualquer pessoa com mobilidade reduzida. Os veículos são novos e adaptados e os motoristas são treinados para facilitar o transporte dessas pessoas. Os veículos são equipados com elevador para cadeira de rodas e ainda têm espaço para dois acompanhantes. “É uma central de táxi 24 horas como outra qualquer, que atende pelo taxímetro, com as tarifas normais. Também temos uma tabela especial para quem quer fazer turismo, inclusive com intérpretes”, explica Amaral, orgulhoso.

Segundo ele, desde que foi anunciado o início das atividades, muita gente tem ligado para a central apenas para se certificar de que dessa vez o projeto saiu do papel mesmo. “Ninguém está acreditando, porque estamos há muito tempo nessa briga. Então as pessoas ligam pra saber se é verdade mesmo”, diverte-se. “Temos oito carros rodando, dois fazendo a documentação no Detran, dois sendo adaptados e mais 15 encomendados. O objetivo é chegar a 70”, conta.

Apesar de ter conseguido em bancos parte do financiamento necessário para manter a cooperativa, Amaral sabe que tem ainda um longo caminho pela frente. E até o município vizinho de Niterói (RJ) pode entrar na rota dos táxis especiais. “Se há um carro desses em cada município, já ajuda muito. Nas cidades menores, podemos até fazer um carro conjugado, que trabalhe com passageiros não-cadeirantes também”, planeja.

A preocupação com os idosos, que devem representar boa parte da demanda pelo serviço, não parou por aí. “Está sendo desenvolvida uma cadeira móvel para que possamos buscar dentro de casa o idoso com dificuldade de locomoção e levá-lo até onde ele quer ir. Mas isso é bem mais para frente”, diz o taxista, tentando disfarçar o entusiasmo.

Embora com apenas uma semana de funcionamento e pouca divulgação, o número de chamadas vem crescendo. Os motoristas relatam que parte das pessoas atendidas não saía de casa havia muito tempo, o que às vezes provoca reações emocionadas. “Teve uma pessoa que chorou ao entrar no carro. Essa é a minha maior alegria”, confessa Amaral.

Resta apenas esperar que a idéia se espalhe por todo o país. Para quem precisar, o telefone de atendimento 24 horas é (21) 3295-9606.

Luísa Gockel

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