Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
![]() Energia solar: uma alternativa | ![]() |
A Rede WWF divulgou hoje, 3 de maio, um relatório internacional que mostra alternativas de sucesso consideradas exemplares para frear as alterações no clima. Chamado "Deter as mudanças climáticas é possível!", o documento é divulgado na véspera da aprovação de mais um estudo do Painel Intergovernamental da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cujos membros estão reunidos na Tailândia para lançar o terceiro volume - que fala sobre formas de mitigação do aquecimento global - do 4º Relatório de Avaliação. Este vem sendo divulgado em etapas desde fevereiro e acordou o mundo para a necessidade urgente de reduzir o ritmo das mudanças climáticas.
E é justamente isso que quer ressaltar o WWF com este novo documento: formas inteligentes e viáveis de agir para reduzir os impactos. "Muito da discussão do Grupo de Trabalho 3 [que produziu o terceiro volume do relatório do IPCC] é sobre custo. É claro que custará dinheiro mudar o sistema global de energia para fontes limpas. É necessário um esforço considerável de governos, empresas e indivíduos para tornar essas mudanças realidade nas próximas duas décadas. Esse esforço é cheio de oportunidades de empreendimentos instigantes, positivos e construtivos. E é, sim, possível financeiramente", vaticina o relatório do WWF em sua introdução.
O texto argumenta ainda que o custo de fazer nada será "desconcertante" e que todos os tipos de infra-estrutura terão de ser reconstruídos. "Estradas e ferrovias seguras contra enchentes e tempestades; mover assentamentos [humanos] para longe de rios e costas vulneráveis a enchentes; proteger de tempestades prédios e construções, linhas elétricas e fábricas" são alguns dos exemplos dados pelo relatório, que relembrou e classificou o furacão Katrina - que devastou a cidade de Nova Orleans (EUA) em agosto de 2005 - como um pequeno antepasto do que realmente vai significar a necessidade de adaptação. "Adaptação não vai ser um gradual aprender a conviver, mas sim uma luta por sobrevivência - em países industrializados e também nas nações em desenvolvimento", avisa o WWF.
O relatório traz uma lista não muito extensa de exemplos de atitudes, iniciativas de políticas públicas, esforços de negócios e ações de pessoas, que tenham recebido de alguma forma a ajuda ou a interferência por parte do WWF. As ações são divididas e organizadas nas seguintes categorias: "WWF promove propostas de políticas para ação"; "Empresas e indústrias se aliam ao WWF para reduzir emissões de carbono" e "VOCÊ pode fazer - WWF inspira cidadãos a agir". Há ainda um item extra chamado de bonus track, que fala sobre o Protocolo de Quioto e afirma que o acordo - já alvo de críticas de pouca legitimidade - é, sim, um sucesso.
Os exemplos retratados vão desde uma política pública de aumento da produção de energia renovável na Tailândia, que nasceu a partir de uma proposta apresentada pela ONG, até a criação de um clube de compartilhamento de carro, na Suíça, projeto que contou com a parceria da companhia de trem do país e no qual os membros combinam o uso em conjunto de ônibus, trens, carros e bicicletas, sem de fato serem proprietários dos veículos. Há também a diferente iniciativa proveniente da Holanda, na qual um cartão de crédito lançado pelo principal banco do país, o Rabobank, ajuda a medir a "pegada de carbono" (ou seja, o rastro de emissões) de cada compra. O cartão é utilizado atualmente por 1,1 milhão de holandeses.
A maioria dos exemplos vem de países desenvolvidos, mas há boas iniciativas retratadas em Filipinas, Índia, China e, claro, Brasil. O exemplo verde-amarelo do relatório refere-se a um estudo do próprio WWF - Agenda Elétrica Sustentável 2020 - lançado no ano passado e que mostra que uma legislação adequada poderia ajudar a economizar cerca de U$ 15 bilhões em investimentos em energia e criar 8 milhões de novos empregos até 2020. Como? Cortando desperdício de energia, promovendo inovação tecnológica e aumentando a parcela de energia sustentável para até 80% da matriz energética. Tudo isso - ainda segundo o estudo do WWF Brasil - poderia levar a uma redução de até 413 milhões de toneladas de CO2. Como o governo brasileiro se comprometeu a levar o estudo em consideração na elaboração do novo Plano de Energia para os próximos dez anos, a iniciativa é considerada um bom exemplo de ação que ajuda a frear as mudanças climáticas.
Todos os exemplos que figuram no relatório são apresentados objetivamente, com exposição da iniciativa, explicação breve sobre como ela foi posta em prática, comentário de um membro do WWF internacional sobre a atividade retratada e indicação de formas de contato e fontes de pesquisa sobre o assunto. O relatório completo, em inglês, está disponível na área de Downloads desta página ou no site do WWF Internacional.
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