Favela: eu sou daqui!

Autor original: Graciela Baroni Selaimen

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No Rio, existem aproximadamente um milhão e quinhentos mil jovens. Mais de trezentos mil moram em favelas e são discriminados por isso. A campanha 'Favela: eu sou daqui!' foi elaborada por jovens cariocas, com idades entre 17 e 22 anos, moradores das favelas da Maré, Rocinha, Vila Aliança, Santa Marta e do Complexo do Alemão, com o objetivo de transformar esta realidade.

Esta campanha é fruto de uma parceria entre o Instituto Promundo e o CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular. Idealizada por um grupo de jovens do Rio de Janeiro – provenientes das instituições Observatório de Favelas, Luta pela Paz, Adolescentro, CEDAPS e Promundo -, a campanha tem como objetivo "influenciar positivamente a visão preconceituosa que as classes média e alta têm sobre os jovens moradores de favelas", o que inclui todo o discurso de criminalização da pobreza, exclusão social e responsabilização desta população pelas violências e pela insegurança.

Os jovens componentes do grupo trabalharam durante meses no monitoramento de políticas públicas e, avaliando sobretudo as políticas de segurança, saúde e educação e as violações dos direitos humanos nas favelas, destacaram que as diferentes esferas da gestão pública na realidade reproduzem preconceitos. Esta cultura excludente e marginalizante inclui a forma como a mídia trata a juventude moradora de favelas.

Com um tom otimista, leve, positivo, a campanha pretende provocar uma reflexão sobre a cidade, sobre o espaço urbano e propõe transformar a visão polarizada "morro x asfalto", "favela x cidade", "favelado x sociedade", estimulando uma visão de inclusão e pertencimento.

Na primeira fase de construção da campanha, que aconteceu de janeiro a maio de 2008, os jovens participaram de uma capacitação na qual criaram o conceito, os conteúdos e roteiros e a programação visual das peças da campanha - envolvendo no processo um grupo focal de estudantes e professores de duas escolas de classe média, localizadas na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na segunda etapa do projeto, profissionais das áreas do audiovisual, rádio e design gráfico colaboraram na produção das peças elaboradas pelos jovens.

A campanha ganhará as ruas em novembro de 2008. Além de spots de TV e rádio e de peças gráficas - como cartões postais, banners, cartazes e "busdoors" em ônibus que circulam pela Zona Sul do Rio, a campanha prevê eventos em escolas, praças e outros espaços públicos.

JovEMovimento

O projeto JovEMovimento pretende prevenir a violência entre e contra jovens através da conscientização sobre seus direitos e deveres e da promoção de sua participação no monitoramento e no desenvolvimento de políticas públicas - especialmente nas áreas de juventude, violência e direitos humanos.

O projeto tem atividades focadas na promoção de educação e consciência política entre jovens e formação de redes nacionais para possibilitar o acesso ao direito de uma vida livre de violência; na conscientização sobre seus direitos a uma vida livre de violência e deveres como cidadãos; na promoção da troca de experiências com jovens em outros contextos sociais através do uso de ferramentas de comunicação nos níveis local e nacional; e da promoção da participação e do protagonismo juvenil através do monitoramento das ações de prevenção de violência da Política Nacional de Promoção da Saúde (Ministério da Saúde), dialogando com gestores públicos nos níveis local e nacional.

O JovEMovimento é desenvolvido no Rio de Janeiro pelo Instituto Promundo em parceria com outras instituições - Adolescentro, CEDAPS, Luta Pela Paz e Observatório de Favelas - abordando o preconceito sofrido por jovens moradores de favelas; em Ceilândia (DF) é desenvolvido pelo Grupo Atitude, abordando a violência nas escolas, sobretudo entre gangues; em Recife (PE), pelo Instituto Papai abordando a homofobia e a violência contra a mulher.