Autor original: Graciela Baroni Selaimen
Seção original: Breves artigos com opiniões sobre temas relacionados com o Terceiro Setor
O sociólogo francês, radicado há mais de 15 nos EUA, não está sozinho na militância contra as prisões como solução para os problemas sociais. A ex-integrante do grupo Black Panthers e filósofa Angela Davis é uma célebre defensora da causa.
Demitida por suas atividades políticas em 1969 do cargo de professora-assistente de filosofia da Universidade da California – Los Angeles, Angela Davis fez parte da lista de “mais procurados” do FBI no auge do movimento pelos direitos civis nos anos 70 nos Estados Unidos. Foi presa em 1971 e passou um ano e meio na cadeia. Desde que voltou à vida acadêmica, fez da abolição da indústria do sistema carcerário sua causa maior. Há dez anos, fundou com outros ativistas em Oakland, na California, a ONG Critical Resistance, para dar suporte e defender em mais alto tom o que ela chama de “democracia abolicionista”.
De acordo com as estatísticas do departamento de justiça norte-americano, um em cada três meninos negros nascidos a partir de 2001 irão para a prisão ainda na juventude. “Durante a escravidão, a população branca entendeu o conceito de liberdade porque podia apontar para as pessoas que não eram livres. Hoje nós sabemos que somos livres porque não estamos na prisão”, explica Davis.
Com formações fixas em várias cidades dos Estados Unidos, a missão da Critical Resistance é mobilizar e fomentar uma campanha internacional contra o que eles chamam de complexo industrial das prisões, argumentando contra o senso-comum que acredita que enjaular pessoas torna as sociedades mais seguras. “Acreditamos que garantir que todos tenham comida, abrigo e liberdade é o que realmente torna nossas comunidades seguras.” Entre os projetos da ONG estão um serviço de “observatório” da polícia; facilitar a educação dentro das prisões; e a comunicação com a mídia de presidiários, ex-presidiários e suas famílias - além de campanhas contra a construção sem fim de novos complexos prisionais.
Angela Davis, 64, é atualmente professora da Universidade da California, de Santa Cruz, onde ensina no departamento de história da consciência e estudos feministas (http://histcon.ucsc.edu/faculty/davis.html ).
Izabela Moi
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