Autor original: Viviane Gomes
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O projeto Pintadas Solar, desenvolvido em Pintadas, município do semi-árido baiano, é um dos cinco vencedores do Prêmio Seed 2008. O projeto busca incentivar o uso de tecnologias apropriadas de irrigação e bombeamento de água e utilização eficiente de energia com objetivo de fortalecer a agricultura de pequena escala, a segurança alimentar e a geração de renda, através da inserção do município no promissor mercado brasileiro dos biocombustíveis.
A premiação - organizada por uma rede global formada pela União Internacional para a Conservação da Natureza [IUCN], as Nações Unidas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [PNUD] e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente [PNUMA], além dos governos da Alemanha, da Holanda, África do Sul, Espanha, Reino Unido e dos Estados Unidos - identifica, promove e dá suporte a iniciativas inovadoras que sejam desenvolvidas em parceria e tenham por objetivo melhorar a qualidade de vida, reduzir a pobreza e promover o manejo sustentável dos recursos naturais locais, em sintonia com as Metas de Desenvolvimento do Milênio e com as propostas da Cúpula de Desenvolvimento Sustentável.
“O Pintadas Solar foi lançado em 2006 pela SulSulNorth [SSN], uma rede de organizações e centros de pesquisa que atua em seis países em desenvolvimento (Brasil, África do Sul, Moçambique, Tanzânia, Bangladesh e Indonésia) realizando projetos inovadores de adaptação e mitigação das mudanças climáticas e redução da pobreza. Do Brasil, fazem parte dessa rede o Centro Clima, da Coppe/UFRJ, e a Rede de Desenvolvimento Humano [Redeh]”, diz Thais Corral, coordenadora geral do projeto.
Pintadas fica a 250 km de Salvador, com 11 mil habitantes. Thais explica que desde os anos 60, foram construídos açudes e pequenas barragens na região, porém a água desses reservatórios foi pouco utilizada para fins agrícolas. “A fase piloto do Pintadas Solar foi desenvolvida de 2006 a 2008. Conseguimos gerar cinco pequenos sistemas de gotejamento e dois de organoponia. Mas a experiência mostrou que, embora os sistemas de irrigação testados podem aumentar a renda do pequeno agricultor, com estimativa de pagamento do investimento realizado de dois a sete anos, ainda existem muitas dificuldades a serem enfrentadas”, esclarece.
Para que o modelo possa ser sustentável é importante desenvolver uma plataforma adequada à realidade do semi-árido nordestino que se traduz numa estratégia para capacitar o agricultor no uso da plataforma tecnológica; um sistema de microcrédito bancário que seja adequado ao pequeno agricultor que esteja disposto a produzir com tecnologias de irrigação mais limpas e eficientes; e um sistema integrado de poli-produção e comercialização dos produtos. "Com o prêmio Seed será possível fazer os ajustes no projeto e torná-lo um modelo, quem sabe mesmo uma tecnologia social a ser disseminada em outros países do mundo", diz Thais.
Agora, o projeto inicia a próxima fase, financiada pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, que implicará na implantação do projeto em outros dois municípios do semi-árido e na criação de uma rede para disseminar as lições aprendidas de projeto de adaptação à mudança climática no Brasil.
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