Em outubro de 2010, a então candidata à presidência da República, Dilma Rousseff, firmou o compromisso de, no caso de ser eleita, apresentar, “com a maior brevidade possível, no prazo máximo de um ano”, proposta de aperfeiçoamento da legislação que assegurasse às organizações da sociedade civil (OSCs) “uma relação jurídica mais adequada” com o Estado e “um ambiente regulatório estável e sadio”. Na carta que dirigiu à Plataforma por um novo marco regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, a atual Presidenta expressou o seu reconhecimento da importância das organizações da sociedade civil, valorizando o “seu papel fundamental na construção, gestão, execução e controle social das políticas públicas”. Destarte, a candidata acenou com uma política de governo voltada para o fortalecimento das OSCs e pautada pelo respeito à sua autonomia.Transcorridos mais de dois anos e meio do mandato da Presidenta Dilma Rousseff, a trajetória do seu governo frente à questão do marco regulatório revela-se inequivocamente contraditória com os compromissos assumidos, embora devam ser reconhecidas algumas medidas setoriais positivas. Um rápido balanço das iniciativas governamentais nesse período comprova a falta de vontade política do atual governo no tocante à revisão da legislação que rege as relações das OSCs com o Estado, para não falarmos do seu suposto compromisso com políticas voltadas para o apoio e fortalecimento das organizações da sociedade civil que atuam na defesa de direitos e na luta contra as desigualdades:
A atuação aparentemente contraditória do governo Dilma não pode mais nos iludir. Não podemos mais desconhecer a fragilidade do compromisso do governo federal com o fortalecimento de um campo autônomo de organizações da sociedade civil. A postura do atual governo teve como precedente o bloqueio dessa agenda nos oito anos do governo Lula, tendo ambos, nesse aspecto, dado continuidade à tradição autoritária do Estado Brasileiro. Como disse recentemente o Bispo de Santarém, Flavio Giovenale, presidente da Cáritas Brasileira, “Não vejo só um distanciamento [do governo Dilma] à igreja, mas com todas ONGs. Me parece que tem uma atitude de autossuficiência do governo, de dizer ‘não precisamos das entidades sociais’. Há um distanciamento de tudo aquilo que é sociedade civil organizada. O governo diz: ‘o Estado sou eu’. Não! O Estado é muito mais amplo. Governo passa e o Estado fica. Público são todos os agentes que trabalham na melhoria da sociedade, então o papel das ONGs é fundamental. O marco regulatório [das ONGs] está sendo levado em banho-maria. Com Dilma vejo que a dificuldade de diálogo aumentou muito” (Valor Econômico, 19 de julho de 2013).É inadiável a superação por parte do governo da visão que absolutiza o papel do Estado e desconhece na prática a importância de uma sociedade civil autônoma, organizada e fortalecida. O bloqueio da revisão do marco regulatório, favorecendo a corrução e a arbitrariedade nas relações das OSCs com o Estado, é uma questão essencialmente política. Se ficar submetido a uma base de sustentação conservadora, na qual as bancadas ruralista e “evangélica fundamentalista” têm enorme peso, o atual governo não poderá priorizar a agenda de um campo de organizações que participam de enfrentamentos diários com os interesses do agronegócio, defendem os direitos dos indígenas, e se contrapõem à agenda dos grupos religiosos fundamentalistas que buscam reverter e impedir avanços dos direitos humanos das mulheres, de homossexuais e da população negra.O governo da presidente Dilma Rousseff pode ainda reverter essas expectativas negativas, renovando o seu compromisso com as organizações da sociedade civil, através da adoção de medidas concretas:
As redes e entidades que subscrevem este documento reivindicam da Presidenta a tomada imediata de tais medidas. Temos a convicção de que uma sociedade civil fortalecida é condição para viabilizar a reforma política que a sociedade brasileira almeja. Estamos convictos também de que sem as organizações da sociedade civil o Brasil estará mais vulnerável ao acirramento das desigualdades e da violência, à espoliação de nossos bens naturais e culturais e à proliferação da pobreza.RedesPlataforma por um Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade CivilABA –Associação Brasileira de Agroecologia ABGLT –Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais Abong – Associação Brasileira de Organizações Não GovernamentaisAliança Cristã Evangélica do BrasilAMNB - Articulação de Organizações de Mulheres NegrasANA – Articulação Nacional de AgroecologiaAsa - Articulação no Semiárido BrasileiroASTE – Associação de Seminários TeológicosCEBRAF – Confederação Brasileira de FundaçõesCLAI Brasil – Conselho Latino Americano de Igrejas/Regional Brasil –CMI – Conselho Mundial de IgrejasCONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do BrasilFBOMS – Fórum Brasileiro de ONGs pelo Meio Ambiente e o Desenvolvimento Fórum Ecumênico BrasileiroGIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas PAD - Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas Europeias e Parceiros BrasileirosRede CerradoRede Nacional Lai Lai-Saúde da Populaçao Negra e AidsREJU – Rede Ecumênica da JuventudeRENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação SocialANAIDS– Articulação Nacional de Luta contra a AIDS EntidadesAção Educativa A Voz do Cidadão - Instituto de Cultura de CidadaniaABB – Aliança de Batistas do BrasilANDI - Comunicação e DireitosCAMP – Centro de Assessoria Multiprofissional CAPA – Centro de apoio ao Pequeno AgricultorCáritas BrasileiraCasa da Arte de EducarCEBI – Centro de Estudos BíblicosCEDITER – Comissão Ecumênica dos Direitos da TerraCentro de Desenvolvimento Agroecológico SabiáCESE – Coordenadoria Ecumênica de ServiçoCESEEP – Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação PopularDiocese Sul Ocidental da Igreja Episcopal Anglicana do BrasilEQUIP – Escola de Formação Quilombo dos PalmaresFASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FLD – Fundação Luterana de DiaconiaFundación AvinaFundação Grupo Esquel do BrasilGestos – HIV, Comunicação e GêneroGIP Gestão de Interesse PúblicoGTP+– Grupo de Trabalhos em Prevenção PosithivoIbase- Instituto Brasileiro de Análises Sociais e EconômicasIDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do ConsumidorIEAB – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil Diocese Sul Ocidental da IEAB (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos Instituto IDhES - Estudos Jurídicos em DHESCAIPF – Instituto Paulo FreireIPU – Igreja Presbiteriana Unida do Brasil Igreja MetodistaISA –Instituto Socioambiental Iser AssessoriaKoinonia – Presença Ecumênica e ServiçoPROFEC – Programa de Formação e Educação ComunitáriaSociedade Paraense de Defesa dos Direitos HumanosSOS Corpo Instituto Feminista para a DemocraciaTerra de DireitosUnimiráVida BrasilVisão Mundial Para subscrever encaminhe email com o nome e sigla (se houver) da entidade.
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer