A Organização dos Estados Americanos (OEA) recebeu na quinta-feira, dia 24 de outubro, um pedido para que apure urgentemente as detenções arbitrárias cometidas pelo Estado do Rio contra os manifestantes presos no dia 15 de Outubro. A denúncia foi feita pela ONG Justiça Global e pelo Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH) à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.O documento denuncia a forma com a qual o Brasil lida com o exercício da cidadania. Segundo informações da Polícia Civil, no protesto realizado em apoio aos professores, dia 15 de outubro, cerca de 190 pessoas foram conduzidas à força até as delegacias, tendo ocorrido 64 casos de prisão provisória em decorrência de supostos flagrantes.Além do grande volume de detenções arbitrárias, o que qualifica especialmente este dia é o uso da Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.805/2013) contra os manifestantes, enquadrando a atividade de protesto sob o título de “associação criminosa”. O oficio destaca também o anúncio do Estado brasileiro, mesmo antes das detenções, que se valeria desta lei, mostrando uma intenção de criminalizar a indignação popular independente da conduta individual. Ficou evidente a tentativa de coibir a livre manifestação através do endurecimento penal e da opressão.Igualmente grave foi o uso de tipos penais inafiançáveis, para dificultar a liberdade dos manifestantes detidos, e a imposição de internação forçada para os adolescentes. Em junho de 2013, a Comissão havia se manifestado publicamente sobre a repressão policial nos protestos. No mês passado, o Relator Especial da ONU para Liberdade de Expressão disse que vê uma escalada da violência e da arbitrariedade por parte do Brasil.Outros pontos levantados no documento:
Campanha pela liberdade dos presos ganha dimensões internacionaisNo sábado, 27 de Outubro, o Festival Internacional de Cinema Globale fez uma Sessão Especial “Victor Ribeiro e Soledad Barbosa – Pela Liberdade dos Presos Políticos de 15 de Outubro de 2013”.A Anistia Internacional, em nota, clamou ao Estado brasileiro, em especial ao governo do Rio, o respeito aos direitos, assim como, que interrompa as prisões arbitrárias e "o processo de criminalização desses manifestantes, que tem se dado em clara violação à Constituição Federal, colocando em risco os princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito".A Witness, ONG com sede em Nova Iorque, promoverá uma campanha internacional denunciando as prisões e pela libertação dos presos. A ONG Justiça Global solicitou também a FIDH (Federação Internacional de Direitos Humanos) solidariedade no casos.Sete manifestantes ainda estão presosNa quinta-feira, dia 24 de outubro, a juíza Cláudia Pomarico Ribeiro, da 21º Vara Criminal, negou o pedido de relaxamento com o pedido de liberdade de Daniela Soledad dos Santos Barbosa (Sol), estudante de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atriz - participante do grupo de teatro Tá Na Rua -, e de Victor Gonçalves Ribeiro de Souza, cineasta, um dos organizadores do Festival Globale Rio, acusados de incêndio.A Vara negou pela segunda vez o pedido de liberdade provisória para os dois. A decisão é polêmica, pois o Ministério Público, responsável pela acusação, solicitou a liberdade provisória dos jovens, alegando não haver provas de flagrante. A juíza, no entanto, levou em conta apenas o depoimento dos policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar que executaram a prisão.Uma sequência de fotos feita por Grasiele Nespoli, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, desmente a versão da PM. As imagens mostram que o fogo teria sido provocado por uma outra pessoa, diferente dos acusados, cerca de 30 minutos antes da passagem de Victor e Sol pelo local.Jair Seixas Rodrigues (Baiano), militante da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST), foi enquadrado na conduta de associação criminosa. O ativista já havia alertado diversas vezes sobre uma possível perseguição por parte das autoridades públicas. Além deles, os irmãos Douglas Silva Pontes e Matheus Da Silva Pontes estão sendo processados por formação de quadrilha. Henrique Pires teve a liberdade concedida, mas teve problemas no momento do SarqSeap e ficou retido. Rafael, pessoa em situação de rua, está encarcerado desde o dia 20 de junho. Ele não portava documentos na hora da prisão. No fim de semana após o dia 15, a maioria dos presos nas manifestações já tinham recebido o alvará de soltura. O que não aconteceu com os seis presos e Rafael.
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer