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Campanha "Escreva por direitos"

Dezenas de países, incluindo o Brasil, lançam simultaneamente, dia 06 de dezembro, a campanha "Escreva por direitos" - considerado o maior evento de direitos humanos do mundo. A maratona, que mobilizou em 2012 pelo menos 500 mil pessoas, em 77 países, gerando quase 2 milhões de mensagens, consiste no envio massivo de cartas e mensagens para autoridades governamentais dos respectivos países, solicitando providências para a situação de pessoas que tiveram seus direitos violados. Em 2013, seis casos de diferentes pontos do mundo estão no portfólio da Anistia Internacional Brasil para envio de cartas durante a maratona, sendo dois nacionais. Tais casos demonstram tristes pontos em comum entre culturas distintas quando o assunto é desrespeito e violação de direitos humanos. Eles vão da agressão a militante dos direitos LGBT na Bielorússia, prisão de ativista por moradia no Camboja, estupro e tortura de mulher no México, espancamento de jovem durante manifestação na Turquia, assassinato de jovem negro por policiais militares e violação dos direitos de comunidades indígenas no Brasil. No Rio de Janeiro, o lançamento da campanha será marcado por uma ação na Praça São Salvador, em Laranjeiras, nos dias 06 e 07 de dezembro. Nestes dias haverá coleta de assinaturas e estímulo para que as pessoas escrevam cartas de solidariedade àqueles que tiveram seus direitos humanos violados, além de cobrar das autoridades de seus países providências em relação ao ocorrido.Outras ações acontecerão, até o dia 16 de dezembro, em diferentes cidades brasileiras, como São Paulo, Fortaleza, Curitiba, Belém, Manaus, Goiânia, Brasília, Niterói, Salvador e Dourados (MS).A escolha da data para a realização da maratona não é por acaso: no dia 10 de dezembro é celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) quando lançou sua Declaração Universal sobre o tema.Saiba quais são os casos da Maratona de Cartas 2013:Comunidade Apika’y, Brasil: Desde 1999, a comunidade Guarani-Kaiowá vive às margens da rodovia BR-463, entre as cidades de Dourados e Ponta Porã, em frente às terras consideradas ancestrais pelos indígenas. Ameaçados pelos seguranças dos atuais ocupantes de suas terras, os Guaran-Kaiowás sofrem com desnutrição e problemas de saúde, além de atropelamentos que já mataram parte de seus integrantes, inclusive crianças. A demarcação de suas terras deveria ter sido concluída pela Funai em 2010, mas até agora nada foi feito.Jorge Lázaro, Brasil: Em janeiro de 2008, Ricardo, filho de Jorge Lázaro, foi assassinado quando jogava futebol com outros jovens em Salvador. De acordo com investigações e testemunhas, há fortes evidências de que ele foi morto por policiais militares. Em março de 2013, outro filho de Lázaro, Ênio, foi morto por pessoas desconhecidas. Seu caso está longe de ser exceção: cerca de 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros e, neste casos, reina a impunidade - mais de 90% dos inquéritos de homicídios são arquivados antes mesmo de virar denúncia.Miriam López, México: Em fevereiro de 2011, após deixar seus filhos na escola, a dona de casa Miriam López foi capturada por homens encapuzados que a levaram a uma prisão na cidade de Tijuana. Lá, foi torturada, estuprada e obrigada a assinar uma declaração que a incriminava por delitos relacionados a drogas. Ela foi presa e libertada sete meses depois sem acusações. Mesmo após Miriam ter identificado seus agressores, ninguém foi punido pelas violências cometidas.Yorm Bopha, Camboja: Ativista pelo direito à moradia, Yorm luta contra o despejo de milhares de pessoas que vivem às margens do lago Boeung Kak, após o governo ceder as terras para uma empresa. Bopha foi presa em setembro de 2012, acusada de agredir dois homens, mas a Anistia Internacional considera outro o motivo de sua prisão: seu ativismo pacífico em defesa do direito à moradia da comunidade. Bopha foi libertada no final de novembro, mas ainda será julgada pelo ataque, apesar da ausência de provas que a associem ao episódioHakan Yaman, Turquia: Surpreendido por um brutal ataque por parte de policiais enquanto voltava do trabalho e passava por uma manifestação no Parque Gezi, Hakan perdeu um olho e 80% da outra visão, foi espancado e atirado em uma fogueira. Ele moveu uma ação judicial, mas nada garante que haverá uma investigação efetiva, independente e imparcial para identificar e punir os autores.Ihar TsiKhanyuk, Bielorússia: Homossexual assumido e ativista pelos direitos LGBT, Ihar foi abordado por policiais dentro do hospital onde recebia tratamento devido a uma úlcera. Ele foi levado a uma delegacia e espancado repeditamente por agentes da polícia e insultado por ser homossexual. O incidente ocorreu em fevereiro de 2013, pouco depois de Ihar tentar registrar o Centro Lambda de Direitos Humanos, organização que defende direitos de homossexuais, lésbicas, bissexuais, transgêneros e intersexuais em seu país. Até hoje ninguém foi levado à Justiça pelas agressões que sofreu.

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