O tema dos direitos do público LGBT vem ganhando destaque no Brasil, consolidando uma agenda de proteção e defesa desses direitos, que precisam ser respeitados, independentemente do contexto social, político ou religioso.Por isso, o Instituto Ethos lançou em 10/12, Dia Mundial dos Direitos Humanos, o manual O Compromisso das Empresas com os Direitos Humanos LGBT, uma publicação original e pioneira no tema, que busca fomentar o debate e estimular as empresas a adotar ações voltadas ao público LGBT, para a construção de um mercado de trabalho que respeite e promova os direitos humanos em geral e os direitos desse público em particular.O manual se propõe a esclarecer conceitos relacionados ao universo LGBT, em sintonia com as demandas que envolvem as questões do trabalho e o mundo empresarial. Também esclarece os vínculos que existem entre a promoção dos direitos LGBT, a responsabilidade social empresarial e os negócios sustentáveis.Para Jorge Abrahão, presidente do Ethos, esse manual dá continuidade ao trabalho da entidade de “dar voz às demandas de todos os segmentos sociais que impactam na empresa”. De fato, ao longo de seus quinze anos de atividades, o Ethos lançou publicações para orientar iniciativas socialmente responsáveis em relação a pessoas com deficiência, egressos do sistema prisional, mulheres e negros. “Agora, chegou a nossa vez”, disse o consultor Reinaldo Bulgarelli, sócio-diretor da Txai Consultoria & Educação, responsável pela pesquisa e redação do trabalho.“A perspectiva dessa publicação é a dos direitos LGBT sob o prisma da cidadania, não do consumo”, continua Bulgarelli. “Não queremos que esse público seja entendido pelas empresas apenas como um número numa planilha. São pessoas que têm direitos e demandas, como quaisquer outras, e que também precisam ter seus direitos valorizados e promovidos no âmbito organizacional e no planejamento estratégico do negócio”, enfatiza.Promoção e valorização da diversidade e dos direitos LGBTO manual não traz uma “receita” de como promover os direitos LGBT, mas apresenta orientações e exemplos que já deram certo e que podem ser replicados por outras empresas.O principal aspecto para promover os direitos LGBT é a valorização da diversidade em geral. “Eu não preciso ser negro para ser contra o racismo. E também não preciso ser gay para ser contra a homofobia. É essa a mensagem que a empresa precisa passar”, ressalta Beto de Jesus, um dos pesquisadores da publicação.Por variados motivos, a diversidade ainda é desconsiderada nas empresas e, com isso, o que ela traz consigo: a pluralidade de características, as perspectivas, as expectativas e as demandas concretas que ela apresenta para as organizações e suas atividades.De um modo geral, em nossa sociedade, há a promoção de um único padrão, eleito como o normal, o bom, o belo, o correto, e em torno desse padrão único são planejadas todas as coisas, dos espaços arquitetônicos aos benefícios oferecidos aos empregados, da comunicação aos produtos, serviços e atendimento oferecidos aos clientes. Por várias razões, em nosso país esse padrão de normalidade tem sido masculino, heterossexual, branco, sem deficiência, adulto, magro, católico, entre outros atributos que se confundem com os acima citados de normalidade, moralidade, beleza e capacidade para decidir e liderar as organizações. Com base nesse padrão único se formam os estereótipos, surgem preconceitos e práticas de discriminação que nem mesmo são reconhecidas como tais, uma vez que o correto é ter o perfil deste padrão.Assim, valorizar a diversidade, especificamente a diversidade sexual, significa reconhecer que há pessoas, no ambiente de trabalho, que não são heterossexuais ou que não se identificam com o sexo de nascimento. E, a partir desse reconhecimento, criar um ambiente de diálogo e esclarecimento, buscando soluções com foco no cuidado com a qualidade das relações entre todas as pessoas. Essas soluções vão desde lidar com comentários e piadas que desqualificam, ridicularizam, intimidam e atacam a moral e autoestima das pessoas até promover mudanças no planejamento estratégico do negócio.“A empresa se torna mais perene quando consegue combinar os interesses legítimos da sociedade com os interesses legítimos do negócio expressos em seu propósito, maneira de ser, de realizar suas atividades e se relacionar com diferentes stakeholders”, finaliza Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.O manual está disponível gratuitamente apenas on-line, no site do Ethos, em “Centro de Mídia”, “Publicações”.Os dez compromissos com os direitos LGBTEm março de 2013, uma parceria entre a Txai Consultoria e o Instituto Ethos mobilizou mais de 30 grandes empresas que formaram o Fórum de Empresas e Direitos LGBT, um espaço de diálogo, de compartilhamento de boas práticas e de ampliação do movimento por afirmação dos direitos humanos de pessoas LGBT na gestão empresarial. São empresas como Accenture, Alcoa, Anglo American, Atento, Basf, BB Mapfre, Bradesco, Bunge, Caixa, Carrefour, Ceva Logistics, Citi, Deloitte, Dow, GE, Google, Grupo Fleury, HSBC, IBM, IFF, International Paper, Itaú Unibanco, KPMG, Masisa, Metrô SP, Monsanto, Oracle, P&G, Pernambucanas, Pfizer, Porto Seguro, PwC, Santander, SAP, Walmart e Whirlpool.Durante as discussões nesse fórum, os participantes elaboraram os 10 Compromissos da Empresa com a Promoção dos Direitos LGBT, de maneira a criar uma agenda de ações práticas que expressasse as demandas legítimas da sociedade, a normativa internacional de direitos humanos, as expectativas do movimento de responsabilidade social empresarial e os diálogos em torno das práticas já presentes em algumas empresas no Brasil.Eles foram desdobrados em indicadores que permitem às empresas realizar um diagnóstico sobre a questão dos direitos LGBT.Esses compromissos serão apresentados para adesão da alta liderança das empresas, na expectativa de que se desdobrem em ações de valorização de práticas e de posicionamentos em favor da promoção dos direitos LGBT.São eles:
Fonte: Instituto Ethos
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