Organizações da sociedade civil alertam para o fato de que nesta quinta, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) pode liberar o uso comercial de mosquitos transgênicos sem que a população tenha sido devidamente consultada, sem a realização de avaliação de risco e sem a existência de dados conclusivos dos estudos de campo nem de um plano de monitoramento. As entidades ressaltam que as consequências para a saúde e para o meio ambiente ainda são pouco conhecidas e precisam ser melhor estudadas.O Aedes aegypti geneticamente modificado é produzido pela empresa inglesa Oxitec e responde a um intenso lobby do governo inglês para criar um mercado de exportação para o produto. A empresa, que tem vínculos com a suíça do agronegócio Syngenta, também desenvolve insetos transgênicos para uso agrícola, como a mosca da fruta, para a qual também já pediram liberação no Brasil.“Os mosquitos ineficazes da Oxitec apresentam risco e são um péssimo exemplo de produto que a Inglaterra exporta para o Brasil. Trata-se de uma tentativa desesperada de promover a biotecnologia inglesa e remunerar o capital de risco, mas isso não deveria cegar os governos do Brasil e da Inglaterra para o risco da tecnologia”, disse a doutora Helen Wallace, diretora do GeneWatch UK.A empresa ainda não publicou dados conclusivos de seus estudos de campo na Bahia, que começaram em fevereiro de 2011. Resultados de experiências anteriores nas Ilhas Cayman, com o mesmo mosquito, mostraram que a tecnologia não funciona e requer a liberação de mais de 7 milhões de mosquitos por semana para suprimir inicialmente uma população de apenas 20.000 mosquitos nativos, que deve ser seguida por liberações semanais de 2,8 milhões de mosquitos. Também há indicativos de que o número de mosquitos nessas áreas cresce durante as liberações .A liberação desses mosquitos geneticamente modificados apresenta riscos ainda pouco entendidos:Os experimentos da Oxitec não incluíram o monitoramento do impacto sobre a doença e a empresa não considerou possíveis efeitos negativos sobre a incidência de dengue ou dengue hemorrágica. Trata-se de séria omissão pois a manifestação da doença pode ser agravada caso a tecnologia seja apenas parcial ou temporariamente eficaz em razão de efeitos sobre a imunidade humana aos quatro tipos existentes de vírus da dengue.O maior risco ecológico é que a redução da população de A. aegypti dê lugar ao A. albopictus, que é outra espécie de mosquito também vetor de doenças, inclusive da dengue.Não há testes toxicológicos que comprovem não haver riscos no caso de picadas de fêmeas do mosquito modificado em animais ou humanos.A técnica que limita a reprodução do mosquito modificado pode ser quebrada no caso de contato com o antibiótico tetraciclina no ambiente. Os descendentes do mosquito da Oxitec têm taxa de sobrevivência de 3%, mas esse valor subiu para 18% quando foram alimentados com ração de gato contendo frango tratado com o antibiótico. A tetraciclina é usada para a produção dos mosquitos GM em laboratório.A reunião da CTNBio será realizada nesta quinta, dia 10, a partir das 9h no Setor Policial, Quadra 3, Área 5, Bloco A – Térreo – Auditório da AEB. Brasília – DFFonte: Third World Network, AS-PTA, Red America Latina Libre de Transgénicos, Gene Watch UK
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