por Nana MedeirosComo parte de suas ações de incidência política e ampliação do conhecimento sobre determinados temas no campo dos direitos, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) desenvolvem estudos que resultam em importantes publicações, servindo como base, inclusive, para mudanças conjunturais e criação de políticas públicas. Esse conteúdo, no entanto, não possui o reconhecimento necessário, o que está diretamente relacionado à falta de visibilidade e de espaço para divulgação dessas ações.Considerando esse quadro e a importância do trabalho das organizações para o fim público, a Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns está lançando a Biblioteca Digital Brasileira das OSCs, uma plataforma tecnológica com ferramentas para otimizar as atividades de captura, organização e tratamento, armazenamento, publicação, acesso e compartilhamento dos conhecimentos produzidos pelas OSCs.O levantamento e mapeamento das produções das entidades auxiliarão, principalmente, aquelas que não possuem recurso para digitalizar suas publicações ou criar materiais virtuais. Serão quarenta mil páginas de conteúdo para livre acesso.Para Francisco Lopes, especializado em biblioteconomia e professor da FESPSP – Faculdade de Sociologia e Política de São Paulo, o grande desafio do projeto é ativar a sustentabilidade e continuidade dessa ferramenta e mostrar para as organizações como isso melhorará seus processos institucionais e políticos. O objetivo, posteriormente, é ampliar o projeto e criar uma biblioteca nacional das Organizações da Sociedade Civil.Segundo Lopes, a partir de suas lutas e pesquisas, as OSCs produzem muito conteúdo que, em sua grande maioria, está em um “limbo”, sem dialogar de forma eficiente com a rede e deixando de ser aproveitado. “Perde-se muito conhecimento e memória. Por isso, os repositórios existem. É um lugar não só para armazenar informação, mas para garantir sua visibilidade.”A ferramenta utilizada na criação da Biblioteca está ancorada na ideia de preservação digital, que otimiza as buscas e possibilita a visibilidade institucional das entidades, de seus conteúdos e temáticas.No entanto, mais do que isso, o projeto vai ao encontro da ideia de Acesso Aberto e democratização do conhecimento. O movimento Open Access, iniciado no meio acadêmico, tem por objetivo romper com barreiras políticas, econômicas e técnicas impostas no acesso ao conhecimento.Obter espaço de divulgação e visibilização de suas lutas é um passo para o setor, principalmente em relação à sustentabilidade e permanência institucional.As novas tecnologias de informação e comunicação auxiliam para que a lógica de produção e venda de conhecimento seja quebrada. Sendo as OSCs entidades com demandas e objetivos políticos que, muitas vezes, não possuem visibilidade na mídia tradicional, o movimento de democratização da informação por meio da tecnologia passa a ser compromisso e interesse das mesmas, seja qual for sua temática principal.“O grande ganho é disseminar o recado de que as Organizações da Sociedade Civil fazem parte do processo de busca por democratização da comunicação e do conhecimento e que essa busca está aliada à visibilidade e ao avanço de suas demandas políticas”, afirma Lopes.Além da criação desse acervo, o projeto realizará um curso de formação para organizações que pretendam recuperar e organizar o material produzido, facilitando o acesso de diferentes atores sociais ao conteúdo. A formação deverá ajudar essas entidades a estabelecer procedimentos de registro sistemático do seu trabalho e produtos de forma a dar continuidade a sua socialização.Fonte: Abong
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