Cerca de 160 indígenas de várias regiões do país, principalmente da Bahia, protestaram, ontem, dia 5 de julho, em frente a algumas embaixadas em Brasília. O objetivo foi chamar atenção internacional, em especial de grandes compradores de gêneros agropecuários, para a situação de vulnerabilidade dos índios no Brasil e apontar a vinculação entre produção agropecuária, a compra de commodities por outros países e as violações de direitos indígenas aqui no Brasil. O grupo protocolou uma carta em algumas embaixadas, como de Portugal, Rússia, EUA, Holanda, Canadá e França.“Ao importar esses produtos oriundos do agronegócio do Brasil, entendemos que os países contribuem para fortalecer esse setor e, consequentemente, para manter esse processo de ataque, violências e violações que sofremos”, diz a carta dos índios para as embaixadas.“A exportação ajuda a financiar o agronegócio, então financia o genocídio dos nossos povos, financia a pistolagem que vem atacando e ferindo as nossas lideranças e financia de fato a morte dos nossos povos”, diz Kâhu Pataxó, secretário executivo da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia.“É uma tentativa de buscar apoio fora, um grito de socorro para mostrar que essa forma de produção e de violação de direitos indígenas está ocorrendo aqui no Brasil e, pior que isso, está gerando produtos que estão sendo comercializados fora”, disse Thiago Anacé, coordenador das Organizações dos Professores Indígenas do Ceará. “Será que os consumidores finais têm o real conhecimento de como está sendo o processo de produção aqui no nosso país? Quantas terras indígenas estão sendo invadidas, direitos violados?”, questiona.A carta contém denúncias de ataques contra os indígenas, como aqueles realizados contra os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. No mês passado, um violento atentado de fazendeiros na Terra Indígena Dourados-Amambaipegua I deixou um indígena morto e cinco feridos.Além dos casos de violência, os indígenas denunciaram projetos legislativos que ameaçam seus direitos. “Eles [os ruralistas] têm feito um processo estratégico, colocado PECs [Propostas de Emenda Constitucional], PLs [Projetos de Lei] que retiram nossos direitos constitucionais e alguns não retiram diretamente, mas dão brechas”, afirma Kâhú Pataxó.O grupo de lideranças indígenas fica em Brasília até sexta-feira, dia 8. Elas irão participar de reuniões em órgãos do governo para levar demandas relacionadas à regularização fundiária e direitos sociais, além de realizar outros atos com o objetivo de chamar atenção para suas lutas.Fonte: Instituto Socioambiental
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