No dia 5/11, completa-se um ano desde o maior desastre socioambiental do país: o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, situada no histórico município de Mariana, em Minas Gerais. O episódio gerou uma onda de lama de 32 milhões de metros cúbicos, cheia de metais pesados, que deixou um rastro de devastação pelos 700 quilômetros que percorreu até chegar ao mar, no litoral do Espírito Santo.A tragédia acabou com 19 vidas, deixou centenas de pessoas desabrigadas, contaminou os rios Gualaxo do Norte, Carmo e Rio Doce e provocou um dano ambiental de dimensões ainda não integralmente conhecidas. Segundo o Ministério Público Federal, o custo material da tragédia pode chegar a R$ 155 bilhões.Desde o episódio, pouco se avançou na reparação dos moradores das cidades e vilas atingidas. Milhares de pessoas afetadas pela tragédia ainda aguardam as indenizações pelos danos materiais e imateriais sofridos, especialmente pescadores, pequenos agricultores e indígenas krenak, que ficaram privados de suas atividades econômicas e culturais por causa da contaminação do rio.Um bom exemplo dessa inação desalentadora é a qualidade da água do Rio Doce e seus potenciais danos à saúde. A Samarco foi incapaz de estancar o vazamento e a lama continua a ser despejada no curso dos rios da região, agravando a contaminação.Poucas semanas depois do rompimento da barragem, dois especialistas da ONU se manifestaram cobrando das autoridades e das empresas que parassem com sua postura defensiva e avaliassem a toxicidade da água contaminada pelos rejeitos. Em seguida, o relator especial sobre o direito à água, Leo Heller, solicitou que o governo brasileiro garantisse acesso à informação sobre a qualidade da água.Durante duas semanas, a Samarco foi obrigada a distribuir água potável às cidades e regiões que tiveram o fornecimento interrompido ou cuja qualidade ficou comprometida pela alta concentração de metais pesados. A distribuição, no entanto, foi realizada de maneira caótica, com pessoas esperando em filas de até três horas. Tampouco houve um plano adequado para garantir que a água chegasse a grupos vulneráveis, como idosos, enfermos e residentes de zonas da periferia – o que configura discriminação e viola o direito humano à água.Relatórios independentes continuam a atestar que a água do rio e a que chega às torneiras dos moradores contêm quantidades de zinco, arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio acima dos limites permitidos pela legislação.Todos podem causar sérios danos à saúde de quem os ingere, como Alzheimer, Parkinston e osteoporose. A turbidez da água também impede a retomada das atividades turísticas de cidades que dependem dela, como é o caso de Linhares, no Espírito Santo.Clique para ver as atividades que estão sendo programadas pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e pelo Fórum Cabixaba para o aniversário de um ano da tragédia. Fonte: Conectas
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer