Como virou tradição, o ano da militância em São Paulo se inicia, não com a marcação do calendário, mas sim com os atos do MPL (Movimento Passe Livre) contra os aumentos da tarifa. Desde 2013 até 2017 – exceto em 2014, todo ano, no começo de janeiro, algumas milhares de pessoas vão para a rua lutar pelo seu direito de ir vir, que acaba sendo barrado pelos aumentos abusivos (como diz a própria decisão judicial que barrou aumento deste ano).Mas o aumento deste ano é novo, como o prefeito que o implementou. Nos anos anteriores os aumentos foram sobre a tarifa unitária, o valor que se paga em um bilhete do metrô ou em uma passagem de ônibus, mas se poupava as demais tarifas: as de integrações, sobre o bilhete mensal e semanal – os mais usados pela população que mora nas periferias da cidade. Mesmo sendo uma das principais promessas de campanha não aumentar o preço, João Doria em acordo com Geraldo Alckmin, o fez. Outra inovação foi do governo do estado, que se sentindo confortável com o amigo e subalterno no comando da prefeitura, criou a cobrança de R$ 1,00 para mudanças internas nos terminais intermunicipais. Mas a Justiça de São Paulo suspendeu os reajustes das tarifas de integração por meio de liminar, onde o desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti do TJ-SP não vê justificativa suficiente para o aumento acima da inflação. O estado já se pronunciou e diz que vai recorrer, lutando pelo aumento.Mas se por um lado os tucanos inovaram, a tradição foi mantida pelos movimentos sociais. O ato contra a farsa criada pelo Dolinho, o prefeito limpinho, chamado pelo MPL foi composto por diversos partidos de esquerda, movimentos sociais e grupos de movimentos autônomos. O ato se iniciou na praça do Ciclista, por volta das 17h00, exatamente um ano depois e no mesmo lugar onde se iniciou um dos primeiros atos do movimento em 2016, no qual houve um verdadeiro massacre realizado pela Polícia Militar de Alckmin.A concentração durou cerca de uma hora, enquanto todas as ruas do entorno – do cruzamento da Paulista com a Augusta – foram, uma a uma, sendo bloqueadas por pequenos grupos ou do batalhão do CHOQUE ou da Força Tática, ambos grupos de atuação especial da Polícia Militar, que tem um gigantesco histórico de violenta repressão à manifestações e genocídio em terras paulistas em presídios e áreas pobres.Por volta da 18h30, o ato saiu, já com cerca de 1000 pessoas (contagem da própria PM) descendo a Av. Rebouças, sentido a casa do Dolinho, o prefeito limpinho, que fica na região dos Jardins, bairro da mais alta nata paulistana. E seguiu normalmente (com a tradicional cantoria das fanfarras e baterias e palavras de ordem) e – pacificamente – toda a Rebouças até chegar ao cruzamento com a Av Brasil. Cruzamento esse que foi travado por cordões policiais impedindo a passagem da passeata na continuação da Av Rebouças, que seria o trajeto original, e os obrigando a seguir pela Av Brasil, com mais de 1500 pessoas, que chegaram ao longo da descida da avenida Rebouças.Durante a passagem pela avenida houve um momento de alvoroço por conta de três militantes do MBL que provocavam os manifestantes com pão, mortadelas e sanduíches. A polícia interviu e realizou uma proteção em volta dos provocadores que, mesmo dentro do cordão policial, continuavam as provocações. O ato segue…Chega então até a imponente igreja Nossa Senhora do Brasil, onde encontra nada menos que outro cordão policial, só que desta vez com apoio dos carros de guerra da polícia. Impedidos de continuar os manifestantes realizam um jogral, explicitando que estavam sendo impedidos de continuar pela polícia e decidem entregar o prémio de “Aumento Inovador” que iriam entregar ao Dolinho, o prefeito limpinho, para o capitão da operação que impedia a chegada do prémio ao seu verdadeiro e merecedor dono.Após a entrega do prêmio, o ato teve fim, mas não sem a promessa de mais luta, como diz a tradição: NENHUM DIREITO A MENOS, NENHUM CENTAVO AMAIS!Fonte: Jornalistas Livres
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