Por Damien Hazard*O próximo Fórum Social Mundial (FSM) será realizado em Salvador de 13 a 17 de março de 2018. Após nove anos fora do Brasil, com a edição de Belém em 2009, o maior encontro da sociedade civil planetária voltará ao país que lhe deu origem, e pela primeira vez no Nordeste. Uma volta ao futuro, diria o alquimista dos sons suíço-baiano Walter Smetak.O FSM 2018 ocorrerá em um mundo bem diferente daquele de 2001, quando surgiu o primeiro evento do gênero, em Porto Alegre. Estamos em um momento decisivo de transição para o planeta, do qual dependerá o futuro da humanidade. Enquanto as desigualdades presentes chegam a um patamar jamais atingido, as condições de sobrevivência das populações futuras já estão comprometidas. Cinquenta e dois pequenos países insulares estão ameaçados de desaparecer a partir das próximas décadas.O capitalismo encontra na crise, hoje generalizada, formas de se reinventar. Mercantilizando a água, os recursos naturais, os serviços públicos, as empresas estatais, a mão de obra das trabalhadoras e dos trabalhadores; submetendo as populações a políticas de austeridade em nome da retomada do crescimento econômico; aprofundando e generalizando as pervertidas relações do mundo da política e da grande mídia com o mundo das finanças. Mesmo os retrocessos nas institucionalidades democráticas no Brasil e na América Latina e as guerras em países africanos e no Oriente Médio são movidos pela cobiça do capital por recursos naturais e financeiros.A humanidade está desafiada em renovar o pensamento utópico. As esquerdas no poder nos últimos 15 anos, fragilizadas pelas suas dificuldades em apontar caminhos alternativos ao capitalismo, em muitos países se veem superadas pelo surgimento de outras respostas de rejeição ao neoliberalismo, como o nacionalismo, o isolamento, o ódio, a xenofobia, o racismo, o sexismo e diversas formas de discriminação.“Resistir é criar, resistir para transformar!” O FSM 2018 não fugirá deste contexto nacional e planetário. E por causa dele, pode ter uma importância histórica. Ao reunir povos, territórios e movimentos em resistência espalhados pelo Brasil e pelo planeta, Salvador se tornará a capital mundial da resistência, mas também da esperança por um outro mundo possível, de paz e de justiça social e ambiental. Centenas de organizações e movimentos sociais baianos, brasileiros e estrangeiros já aderiram à proposta.Parcerias estão sendo buscadas. O Governo da Bahia e a Ufba já sinalizaram apoio ao Fórum. A mobilização prossegue aberta à participação de diversos movimentos e pessoas neste processo de construção do evento. Se estivesse em Salvador, Bertold Brecht não deixaria de entoar “Indigne-se, comova-se, mova-se! Nunca digam: Isso é natural!”*Coordenador da ONG Vida Brasil, diretor estadual da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) na Bahia e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM).Fonte: Observatório da Sociedade Civil
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