Desde que João Doria (PSDB) assumiu o cargo de prefeito de São Paulo, em janeiro passado, as ações de zeladoria se tornaram mais violentas. De acordo com o representante do Movimento Estadual da População em Situação de Rua no Estado de São Paulo, Robson Mendonça, até então a tropa de choque nunca tinha sido vista em ação contra morador de rua desarmado.“No último fim de semana, tive o meu celular jogado no chão por policiais e fui levado para a delegacia.Temos que lamentar não só o massacre da Sé, mas todos os outros que ainda estão acontecendo contra nós”, reforçou. Vítima de uma ação truculenta da Polícia Militar de São Paulo no último sábado (12), onde foram queimados dezenas de barracos que estavam embaixo do viaduto Jaceguai, no bairro Bixiga, na região central da capital, Paula Suellen Oliveira Reis relatou que policiais militares, em parceria com funcionários da prefeitura, expulsaram os moradores de lá.“Chegaram de madrugada com tratores, GCM (Guarda Civil Metropolitana), Choque e canil pra tirar todo mundo de lá. Nos trataram como se fôssemos um monte de bandidos. Queimaram um barraco para o fogo se alastrar por todos os outros e ficamos sem nada”, disse Paula, lembrando ainda que o Conselho Tutelar está querendo retirar os filhos das mães que foram expulsas do local.Os relatos foram feitos nesta sexta-feira (18), durante audiência pública realizada pelo vereador Eduardo Suplicy (PT) na Câmara Municipal, no âmbito da Virada da População de Rua que relembra o Massacre da Sé, nos dias 19 e 22 de agosto de 2004, quando sete pessoas foram assassinadas na praça.Por isso o dia 19 de agosto tornou-se data nacionalmente dedicada à luta da população em situação de rua no país. Suplicy é relator do Projeto de Lei que institui a Política Municipal para a População em Situação de Rua. A proposta reforça o antigo PL nº12.316 e pretende aumentar a autonomia dos moradores de rua, além de reforçar a cidadania dessa parcela da população debatendo pontos como, por exemplo, direito ao transporte e segurança alimentar. O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral da População de Rua de São Paulo, lembrou que os projetos de lei para a população de rua devem priorizar o direito de escolha dela e deixar o moralismo de lado. "A população de rua é vista como caso de polícia, ela não tem nenhum direito de escolha. Tem que comer o que for servido, dormir e acordar na hora certa. Muitas vezes há um moralismo muito exacerbado nesses projetos. Por que, por exemplo, um casal LGBT não pode dormir juntos nos abrigos públicos?”, questionou. Já a relatora da Lei nº12.316 e professora Aldaíza Sposati lembrou que é um erro tratar todos os moradores nesta situação como sendo um só e que as políticas públicas devem levar em conta essa diversidade. "É preciso ter vários tipos de respostas tanto para a entrada quanto para a saída dessas populações das políticas públicas", disse. Para a secretária de Comunicação da CUT-SP, a bancária Adriana Magalhães, a Central e seus sindicatos devem se somar à luta da população de rua, que é uma das maiores vítimas da profunda crise econômica que estamos vivendo hoje. “Nesse momento de crise, onde o capitalismo aprofunda as desigualdades sociais, é papel da CUT e de seus sindicatos entrar e apoiar as iniciativas de proteção da população em situação de rua. Ela sofre com a exclusão do mundo do trabalho, do acesso à moradia e com a violência do Estado”, reforçou.Fonte: Rede Brasil Atual
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