A farinha do coco babaçu produzida por associações extrativistas da Terra do Meio, no Pará, chegou ao Mercado de Pinheiros, em São Paulo, e agora ganha espaço na merenda escolar dos municípios paraenses de Altamira, Vitória do Xingu e Uruará. Com alto valor nutritivo e agroecológico (produzido sem utilização de insumos agrícolas e agrotóxicos), o produto tornou-se um dos únicos componentes da merenda que trazem benefícios diretos às crianças, às comunidades próximas aos municípios e à economia local. Altamira fez em 2017 uma primeira compra de uma tonelada. Vitória do Xingu comprou 1,2 tonelada. E Uruará, primeiro município a adquirir farinha de babaçu, 400kg."Quando introduzimos a farinha, fizemos um treinamento com as merendeiras explicando a importância, os benefícios do produto para incentivar o uso", contou Daniele de Almeida Damasceno, nutricionista de alimentação escolar da prefeitura de Vitória do Xingu."Explicamos que é um produto de agricultura familiar, que tem um valor nutricional maior do que o industrializado. É de fácil manipulação e rende muito", afirmou. Segundo Damasceno, o bolo feito com a farinha de babaçu já é um sucesso, 100% aceito pelas crianças.“O nosso trabalho com a farinha de babaçu é um trabalho vivo, que merece ser respeitado e compensado. Aqui nós não estamos falando só da produção para gerar renda, mas também para proteger o nosso território, que é de onde extraímos essa produção", disse Edileno de Oliveira, presidente da Associação dos Moradores do Riozinho do Anfrísio (Amora).Para Leo de Moura, técnico do Instituto Socioambiental, a compra de farinha de babaçu pode ser considerada parte da política ambiental local. “Nesta região da transamazônica no entorno de Altamira onde predominam atividades relacionadas com o desmatamento – principalmente extração de madeira e pecuária extensiva – o consumo do mesocarpo pelas escolas, além de ser positivo para as crianças, é uma forma do poder público incentivar a economia que mantém a floresta em pé”, disse.Berçário em SP prepara receitas com a farinha de babaçuO Ateliê Carambola Escola de Educação Infantil na Vila Mariana, em São Paulo, testou com sucesso a farinha de babaçu em receitas veganas.São variações de mingaus que incluem, além da farinha de babaçu, a farinha de aveia, a chia e a quinua em flocos. Sempre preparado com leite – de vaca ou cereais – uvas passas, ameixas e frutas como pera, banana e manga."Foi um trabalho de formiguinha”, disse Josiane del Corso, diretora do berçário. Segundo ela, houve resistência por parte das merendeiras no início, que só arrefeceu quando as crianças passaram a pedir mais.“As crianças comem muito bem. Algumas gostam muito e chegam a pedir sem as frutas, em especial os bebês”, contou.Novas receitas, novos horizontesA preparação de receitas com a farinha de babaçu ganhou o reforço da chef de cozinha natural e apresentadora Bela Gil e do chef Alex Atala, fundador do Instituto ATÁ, parceiro do ISA. Eles testaram o produto em diversas receitas: biscoito de babaçu, mingau de babaçu, panqueca de babaçu e sobremesa de babaçu e gravaram as receitas para ajudar as merendeiras a utilizar o novo ingrediente de maneira criativa e variada. Clique aqui e baixe o PDF com as receitas."A farinha é superprática, versátil na cozinha, substitui muito bem o amido de milho para engrossar caldos e sopas. Dá para fazer mingau, bolos, pães", diz Bela Gil, chef de cozinha natural e apresentadora dos programas Vida Mais Bela e Bela na Cozinha, do canal GNT."A farinha de coco babaçu é um produto limpo, sem agrotóxicos, com várias utilizações em doces e salgados. Faz bem para todo mundo, para quem produz e para a floresta", afirmou Alex Atala. “Usar os produtos da floresta não é só conhecer um sabor novo. Comer hoje é uma ação política, social, cultural, de proteção do homem e da natureza.”Você encontra a farinha de babaçu produzida por extrativistas da Terra do Meio (PA) no Box Mata Atlântica e Amazônia do Mercado de Pinheiros, em SP, e na loja online do Instituto Socioambiental, que entrega para todo o país. Clique aqui para comprar.Da floresta para a merendaO coco babaçu é colhido na mata das reservas extrativistas quando está recém caído de maduro de suas palmeiras. As palmeiras de babaçu crescem naturalmente nas floresta ou em meio às pastagens, sem receber agrotóxicos ou fertilizantes.A farinha de babaçu é produzida a partir do mesocarpo do coco, uma parte branca e fibrosa que fica entre a amêndoa e a casca.Após a coleta do coco babaçu, os extrativistas retiram a casca e deixam os flocos de mesocarpo secando ao sol. Depois da secagem, o mesocarpo é processado nas miniusinas, transformado em farinha e cuidadosamente embalado.Fonte: Instituto Socioambiental
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