O Encontro Nacional de Comunicadores/as da Sociedade Civil pela Defesa de Direitos, realizado no mês de setembro, em São Paulo, deu vida à Cardume – Comunicação em Defesa de Direitos, uma rede de organizações da sociedade civil (OSCs) articulada a partir de seus/suas comunicadores/as que pretende potencializar o alcance da comunicação das OSCs no espaço público e digital em um momento de retrocesso nas pautas dos direitos humanos e concentração midiática nas mãos de poucas empresas.Durante cinco dias, os/as participantes trocaram experiências sobre comunicação estratégica para defesa de direitos, dividiram suas dúvidas sobre engajamento no ambiente digital e estabeleceram linhas temáticas e uma agenda comum de atuação da Cardume. Um dos elementos centrais desta agenda consiste na replicação da atividade pelos/as comunicadores/as em suas localidades para o debate sobre direito a comunicação e ampliação da Cardume com a integração de comunicadores/as de outras organizações deste campo político.Bruna Suianne, do núcleo de comunicação da Casa da Mulher do Nordeste, aprendeu novas estratégias para amplificar as vozes das organizações para a sociedade como um todo e expandiu esse saber em uma oficina de comunicação realizada em Recife, no dia 21 de novembro, em parceria com o Centro de Cultura Luiz Freire. A iniciativa visou potencializar as ações políticas em defesa do direito à comunicação nas organizações da sociedade civil e movimentos sociais, bem como estimular práticas de comunicação como parte da estratégia das organizações para contribuir com o desenvolvimento institucional do campo. “Iniciamos a oficina com um breve resumo sobre o lugar que a comunicação ocupa na instituição. Depois disso, os/as presentes debateram sobre a comunicação que temos e a comunicação que queremos, conta Bruna. Em grupos, os/as participantes discutiram sobre três questões: Como fortalecer as pautas populares? Por que garantir o Direito à Comunicação? Como potencializar a comunicação das OSCs para promover mudança social?No dia 28 de outubro, aconteceu em Palmas, no Tocantins, atividade realizada pelo Centro de Direitos Humanos de Palmas (CDHP) com a participação de 12 entidades de 8 municípios do Estado. O tema girou em torno da promoção e respeito aos direitos humanos nos meios de comunicação, a proliferação de novas tecnologias e os desafios da comunicação na luta por um Estado democrático de direitos. De acordo com a coordenadora do CDHP, Maria Vanir, os/as participantes compartilharam a dificuldade de acompanhar os avanços nas redes sociais e a partir do evento se convenceram da importância de priorizar a comunicação nos seus planejamentos e de criar páginas virtuais para suas entidades. O evento permitiu a constituição de um núcleo estadual da Cardume em Tocantins, que será lançado em fevereiro de 2018.“A Cardume favorece e facilita que a comunicação feita pelas organizações chegue nacionalmente e que consiga ter outras ferramentas e um potente braço para a luta por direitos humanos no Brasil inteiro”, afirma o coordenador de comunicação da CIPÓ – Comunicação Interativa Nilton Lopes. A atividade realizada pela organização dele aconteceu no dia 28 de novembro, em Salvador, Bahia. A CIPÓ e a Coordenadoria Ecumênica de Serviço, em conjunto com o Coletivo Baiano pelo Direito à Comunicação e outras organizações da sociedade civil, gravaram uma conversa aberta sobre o direito à comunicação e representatividade nos estúdios da TV Educativa na Bahia do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia. O programa foi ao ar no dia 12 de novembro, às 21 horas. “Foi um marco na televisão da Bahia porque pela primeira vez as organizações ocuparam o espaço da grade da televisão para fazer um programa 100% independente”, conta.A defesa de direitos sexuais e reprodutivos foi o tema da atividade realizada em São Paulo, no dia 9 de dezembro, por Viração Educomunicação e Católicas Pelo Direito de Decidir em mais uma edição do Café com Luta com o tema “Direitos, Comunicação e Injustiças de Gênero”. O evento teve a presença de Paula Bonfatti, coordenadora de comunicação da Viração, e Iran Giusti, fundador da Casa 1, centro de acolhida de jovens LGBT expulsos de casa. Foi abordado o papel da comunicação no enfrentamento das desigualdades e como a comunicação pode ser uma aliada na construção de redes de resistência. Paula, que também compõe o núcleo embrião da Cardume, analisa que os movimentos feministas e LGBT enfrentam os mesmos desafios que os/as comunicadores/as da Cardume: “disputar sentido com a grande mídia, que reproduz estereótipos e padrões de comportamento e reforça discursos machistas e LGBTfóbicos, além de sensacionalizar os casos de feminicídio no país. É também a partir do fortalecimento da comunicação da sociedade civil organizada que a luta por uma sociedade justa e democrática se torna possível”, completa.Em Brasília, no dia 2 de dezembro, foi a vez de Cfemea e Inesc realizarem uma atividade sobre Reforma Política e Direitos Sexuais e Reprodutivos no âmbito das eleições de 2018. Compareceram cerca de 25 pessoas de diversos coletivos locais. Para Bruna, a presença da comunicação em rede é uma esperança. “A Cardume chega para nos dar força e visibilidade diante da sociedade em geral, auxiliando na nossa sustentabilidade, resistência democrática e no nosso ativismo”.As próximas atividades previstas acontecerão no início de 2018 no Acre, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A iniciativa faz parte do projeto Sociedade Civil Construindo a Resistência Democrática, uma parceria da Abong com suas associadas Camp, Cese e Cfemea apoiada pela União Europeia.Fonte: Observatório da Sociedade Civil
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