O terceiro setor americano

Autor original: Paulo Henrique Lima

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Entre os assuntos abordados nas 218 páginas do livro estão: como as instituições se organizam do ponto de vista administrativo, a qualidade do serviço pedagógico que prestam e dados sobre capacidade financeira. A autora e coordenadora de projetos do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e de Ação Comunitária (Ideca), Simone Coelho, conta mais detalhes na entrevista a seguir.

Por que a senhora decidiu fazer a comparação entre o Brasil e os Estados Unidos, especificamente?

Os Estados Unidos tem sido tradicionalmente para nós sempre um termo de comparação, seja do ponto de vista político, cultural ou mesmo social. Além disso, o terceiro setor americano é termo de comparação para o mundo inteiro, pois tem uma longa tradição de atuação, devido às próprias características da sociedade americana, que sempre incentivou o associativismo. Sempre foi um hábito do povo americano criar associações para enfrentar seus problemas sociais. Por outro lado, essas associações sempre contaram com recursos governamentais, pois o governo sempre acreditou que a parceira com essas instituições é válida, no sentido de atender com maior eficácia os problemas sociais.

A senhora poderia citar números comparativos sobre o terceiro setor nos Estados Unidos e no Brasil?

Nos Estados Unidos o terceiro setor é um dos maiores empregadores e movimenta 7% do PIB americano. No Brasil têm se tentado mensurar este setor, mas os dados estão dispersos nos vários ministérios e órgãos governamentais, como receita federal e previdência, entre outros. Apesar dos esforços de alguns pesquisadores, ainda temos um longo percurso para conseguir concentrar as informações dispersas e poder cruzá-las, para chegarmos a conclusões mais consistentes sobre o papel do terceiro setor brasileiro em nossa sociedade e economia.

Quantas organizações entrevistou e qual a área de atuação delas?

Entrevistei 74 organizações brasileiras e 20 americanas, sendo que todas prestam serviço na área de educação infantil. A razão dessa escolha foi meramente conjuntural, uma vez que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tinha nos contratado para realizar uma pesquisa com organizações brasileiras dessa área de atuação. Esse foi o meu primeiro contato com o tema. Daí surgiu a vontade de ampliar a pesquisa e fazer algo comparativo para meu doutorado na área de Ciência Política que, agora, está dando origem ao livro.

Quais os assuntos que foram priorizados na hora das entrevistas e das comparações?

A encomenda do BID era clara: queria conhecer as organizações brasileiras, sabendo como elas se organizavam do ponto de vista administrativo, a qualidade do serviço pedagógico que prestavam e qual era a sua capacidade financeira.

Quais foram as principais semelhanças e diferenças que encontrou na comparação entre os Estados Unidos e o Brasil?

Durante a leitura do livro eu ressalto diversas semelhanças e diferenças. Uma das coisas que poderia ressaltar é que o modo como as organizações brasileiras se organizam possui várias semelhanças com as americanas, apesar destas serem mais enxutas, com menos pessoal cumprindo funções administrativas. Por outro lado, pude observar que, nas instituições brasileiras, há uma preocupação maior com a qualidade do serviço prestado.

As ongs no Brasil estão buscando o caminho da auto-sustentabilidade, apesar de todas as dificuldades que encontram para conseguir concretizar esse objetivo. Como esta a questão nos Estados Unidos?

A auto-sustentabilidade é uma questão importantíssima. As organizações têm que descobrir formas de sustentar suas atividades sem depender tanto dos recursos governamentais, pois estes podem ser apenas temporários e os serviços oferecidos não. Nos Estados Unidos, esta questão é enfrentada seriamente e as campanhas para captação de novos recursos são freqüentes e extremamente criativas.

Como as pessoas poderão adquirir o livro?

O livro poderá ser encontrado nas livrarias. Acredito também que a Editora Senac tenha uma boa distribuição. Mas caso não o consigam, a organização da qual participo, o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e de Ação Comunitária (Ideca), poderá providenciar. Basta que os interessados mandem uma mensagem.