Rocinha inventa moda

Autor original: Maurício Jun Handa

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Uma agitação diferente começou a movimentar a parte mais alta da maior favela da América Latina a partir de 1988. Essa movimentação, que começou tímida, com reuniões nas varandas das casas de moradoras da Rocinha, foi ganhando força e, hoje, conta com um prédio próprio, localizado na favela. Lá são desenvolvidos trabalhos artesanais de vestuário e decoração, cuja principal matéria-prima são retalhos, ou seja, sobras de tecidos doados para a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costureira da Rocinha Ltda (Coopa-Roca). O principal objetivo do projeto é possibilitar que as moradoras da comunidade participem do orçamento familiar, podendo, ao mesmo tempo, se ocupar das atividades domésticas e do cuidado com os filhos.

"As roupas que estamos produzindo atualmente serão vendidas, até o final do ano, para a boutique M.Officer. Além disso, fazemos os forros das poltronas do desingner Fernando Jaeger. Realizamos também exposições e desfiles, que, além de divulgar o projeto e comercializar a produção, resgatam a auto-estima das produtoras e do carioca de uma maneira geral, mostrando que no morro também existe criatividade e originalidade", alegra-se a coordenadora do projeto, a arte-educadora e socióloga Maria Teresa Leal.

Na Coopa-Roca ocorrem trocas de experiências entre as cooperadas, os técnicos e os visitantes, entre outros. No local são realizadas reuniões semanais, seleção e distribuição do retalho, controle da produção, administração e qualificação profissional. Membros da Fundação Rockfeller, do British Council, do Goethe-Institut e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) já foram até a Rocinha ver de perto a iniciativa.

Graças a uma parceria entre a Coopa-Roca, a Unesco e o Instituto C&A, 30 jovens da comunidade da Rocinha estão, atualmente, sendo capacitados para trabalhar com artesanato e costura. Trata-se do projeto "Nova Geração Coopa-Roca", que começou em 1999. Neste mesmo ano foi criado um programa de qualificação de mulheres adultas para produção e gestão da cooperativa. Esta iniciativa nasceu de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Trabalho e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).