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Humanizando os hospitais através da fantasia

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor








Paulo Zylberman

"Nós não gostamos de hospital, mas deste sim, porque tem contadores de histórias". Segundo o diretor-fundador da Associação Viva e Deixe Viver, Valdir Cimino, essa é a resposta mais comum entre muitas das 700 crianças que entram em contato com os 200 voluntários que levam entretenimento a nove hospitais paulistas e a uma casa de apoio. A entidade está constantemente selecionando pessoas não só para as tarefas de contadores de história, como também para atividades como comunicação, administração e desenvolvimento humano, entre outras.


Nos trabalhos realizados nos hospitais, onde são contadas histórias, feitos desenhos e brincadeiras com marionetes ou, simplesmente, é iniciado um bate-papo, os voluntários do Viva e Deixe Viver interagem com as crianças semanalmente, por pelo menos uma hora cada um, levando diversão e informação educacional. "O trabalho que desenvolvemos pode contribuir bastante para atenuar o período de internação da criança no hospital. Uma questão muito importante neste sentido é o respeito. Seguindo o exemplo dos Doutores da Alegria, os voluntários são orientados para que sempre, no primeiro contato com a criança, perguntem se ela quer ou não estar com ele naquele momento. Caso ela diga ‘não’, está ótimo. No hospital a criança não pode dizer ‘não’ para os remédios, agulhas, para o médico...mas para o contador de histórias sim", explica Ricardo Skaf, coordenador da associação.


Para ser um voluntário da Associação Viva e Deixe Viver é preciso passar por várias etapas. O interessado deverá entrar em contato com as atividades da entidade para conhecer todas as áreas nas quais poderá atuar; assistirá a palestras sobre a associação, o voluntariado e ambientes hospitalares; e fará um curso sobre como administrar seu tempo. "Para que trabalhem junto às crianças nos hospitais, os psicólogos avaliarão se a pessoa está preparada para se defrontar com casos de crianças em fase terminal, por exemplo. Caso seja verificado que sim, serão realizadas quatro visitas monitoradas às enfermarias", diz.


Depois de todas as etapas por que os voluntários devem passar para que façam parte da turma da Associação Viva e Deixe Viver, eles continuam sendo treinados e capacitados para o desenvolvimento de suas atividades. Todos os meses são organizadas vivências corporais e trocas de experiências, coordenadas por terapeutas, em que é possível trabalhar as emoções e os sentimentos vividos nos hospitais. É realizada também, mensalmente, uma palestra com psicólogos, escritores de livros infantis e contadores de histórias profissionais para dar mais subsídios ao trabalho desenvolvido pelos voluntários.


"Estamos estudando uma forma de expandir para outras localidades o trabalho que desenvolvemos em São Paulo. Já existem pessoas reproduzindo o que desenvolvemos aqui. Em Florianópolis, por exemplo, um grupo de voluntárias, As Canarinhas da Alegria, já desenvolviam um trabalho junto a crianças hospitalizadas e, ao conhecerem o nosso projeto, quiseram reproduzir a nossa organização administrativa", conta Ricardo.


 

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