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Dicionário recupera a história das mulheres brasileiras

Autor original: Graciela Baroni Selaimen

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Recuperar a história das mulheres brasileiras através de verbetes é o que faz o Dicionário Mulheres do Brasil, que acaba de ser lançado pela Redeh (Rede de Desenvolvimento Humano). A publicação, patrocinada pela Fundação Ford, reúne mais de 800 nomes e faz parte de um projeto maior, o "Mulher 500 anos por trás dos panos", criado há três anos.

O lançamento, que aconteceu no último dia 30, no Palácio Guanabara, Rio de Janeiro, contou com a apresentação do grupo de samba e chorinho Rabo
de Saia e da poeta Elisa Lucinda. A presença masculina surpreendeu muita gente. Mas, para a coordenadora do projeto, Schuma Shumaher, não foi uma surpresa. "Durante a realização da pesquisa, estávamos abertas à participação da comunidade e 45% das contribuições que recebemos foram de homens, que se mostraram muito interessados no projeto", conta.

O dicionário - que é ilustrado - traz a história de mulheres de todas as épocas, raças, etnias, classes sociais e profissões. Desde as índias da época do descobrimento, até nossas contemporâneas. Mais de cem personagens que constam na publicação ainda estão vivas. Entre elas, a vice-governadora Benedita da Silva, que estava presente no evento. 

A pesquisa, que durou três anos, foi coordenada pela economista Hildete Pereira de Melo e pela historiadora Teresa Novaes. As pesquisadoras receberam a contribuição de historiadoras das diversas regiões do país. Muitos foram os critérios para a escolha das personagens que entrariam no dicionário, e eles dependiam do momento histórico tratado.

"No caso do século 16, por exemplo, foram incluídas todas as índias de quem encontramos algum tipo de registro. Já no século 17, demos prioridade
para aquelas mulheres que romperam de alguma forma com os papéis que lhes eram impostos. São critérios relacionados à etnia, raça, pioneirsmo, regionalidade, profissões, etc", explica Schuma.

Segundo Schuma, a grande dificuldade na realização do projeto foi o fato de a história ter sido contada pelos dominadores, homens brancos. Assim, a história das mulheres está registrada de forma fragmentada e, muitas vezes, controversa. 

"Por isso a importância do dicionário. É uma contribuição histórica, já que os verbetes contam a história do Brasil a partir de personagens femininos, recolocando o lugar da mulher na sociedade", diz a feminista Angela Freitas, que colaborou na revisão da publicação.

"A publicação é uma contribuição positiva, principalmente no sentido de estimular novas iniciativas. É uma obra aberta, que deve ser continuada", conclui Schuma. Por isso, aqueles que quiserem fazer comentários, sugestões e reclamações devem entrar em contato com a Redeh, pelo telefone (21) 262-1704 ou por correio eletrônico. Os interessados podem conseguir o dicionário em qualquer livraria do país, ou na Editora Jorge Zahar.

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