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Nova proposta de transformação social, nos quarteirões de Belo Horizonte

Autor original: Graciela Baroni Selaimen

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Com base no trabalho voluntário dentro de comunidades, e na articulação entre várias organizações - locais, nacionais e até internacionais -, está funcionando, em Minas Gerais, o Projeto "Meu Quarteirão no Mundo e o Mundo no Meu Quarteirão". A proposta pretende ser inovadora, principalmente no que diz respeito à filosofia de trabalho e a uma metodologia de atuação social que parte do princípio de que todo mundo pode ajudar um pouco em um "quarteirão" de uma área carente, colaborando na educação, na saúde, e até na geração de renda dos moradores dessas regiões.


A proposta é fruto do Projeto "Cidadãos Para o Século XXI", da Central de Voluntariado de Minas Gerais. A intenção, segundo um dos seus articuladores, Guilherme Vancura, não é ser uma instituição juridicamente constituída, mas representar uma idéia, que pode ser levada a qualquer lugar. Pretende-se, assim, formar um sistema de "franquia social", que estimule pessoas comuns a "atuar localizadamente, e agir globalmente", e, portanto, formar novos núcleos do projeto. Para isso, cada unidade deve estar instalada numa área com aproximadamente 100 moradias, onde a atuação de cada indivíduo será capaz de causar efeitos muito amplos.


Entre os quatro programas essenciais do projeto, está o de informática comunitária - com objetivo de permitir acesso às novas tecnologias -, e o de apoio ao estudante, que atua tirando dúvidas escolares. Numa outra frente, com foco na ação cultural e no desenvolvimento humano, o projeto dá apoio psicológico e fonoaudiológico a jovens, além de aulas de "ecologia humana", visando reforçar a auto-estima deles.


Por fim, há o programa de ocupação e geração de renda, onde entram as propostas mais direcionadas aos adultos, para ajudar no orçamento familiar. Este trabalho é feito através de cursos, como o de tapeçaria, o de pães e bolos, e ainda um de formação de churrasqueiro.


Até agora, estas atividades são desenvolvidas pela única unidade instalada do projeto, no bairro do Horto, na própria sede do Centro de Referência em Cidadania, em Belo Horizonte. A casa abriga, além da Central de Voluntariado, o Comitê para Democratização da Informática (CDI) e o Movimento de Cidadania pelas Águas.


"Não há limites para o que pode ser feito pelos voluntários",  garante Vancura. "A gente não quer ser a figura autoritária, que vai falar para o voluntário o que ele tem que fazer. Existem milhões de formas de participação possíveis", constata, lembrando que não é intenção de nenhuma das organizações envolvidas ser centralizadora do projeto, e descreve a iniciativa como "uma organização informal de cidadãos que resolveram descruzar os braços".


Um dos segredos deste trabalho é a liberdade de agir d

as pesssoas envolvidas. O espaço físico também não é limitado: muitas vezes o trabalho é realizado em consultórios, ou clínicas dos voluntários. Já houve o caso de uma jovem que ofereceu a própria casa para dar aula de espanhol, como conta o representante da Central de Voluntariado.

- Pode ser numa vila, num presídio. Base física, a gente faz onde puder ser feita. Espaço não é problema quando você tem quem quer atender e quem quer ser atendido - diz Vancura, lembrando que o número de voluntários, das mais diferentes classes sociais e faixas etárias, cresce, na medida em que eles têm o seu trabalho reconhecido.


Para as próximas etapas do projeto, estará sendo implantado, também no Horto, um bureau de informática para a comunidade, que deve assumir sua gestão um ano após instalado. Segundo o articulador, assim também se promove a autogestão, a exemplo de como vem sendo feito por um dos parceiros do projeto, o CDI, em mais de 100 unidades no Brasil.


Quem quiser ajudar, através da doação de recursos ou de materiais que possam ser utilizados pelos núcleos deve entrar em contato pelo telefone (31) 481-1188. Os interessados em ser voluntários também podem usar esse número, e só precisam disponibilizar duas horas de sua semana. A Central de Voluntariado de MG fica no Centro de Referência em Cidadania, na Rua Silva Freire, 133, Belo Horizonte.

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