Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Universalizar o acesso à Internet é um assunto do qual muitos falam. Entretanto, poucas iniciativas concretas têm acontecido nesse sentido. Para mudar esse quadro, foram assinados, no dia 17 de novembro, os convênios que formalizam as parcerias do Projeto Rede Jovem que assim, "sai do mundo das idéias e passa ao difícil mundo da realidade", como bem definiu Miguel Darcy de Oliveira, secretário executivo do Conselho da Comunidade Solidária, que idealizou o projeto com a intenção de integrar jovens, Internet e educação.
A iniciativa configura-se como mais uma forma de consolidação do Programa "Sociedade da Informação (SocInfo)", do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) que também promove a universalização do acesso e a educação para o uso da informática. Os softwares e as máquinas a serem utilizadas pela Rede Jovem estão sendo providos pelo Socinfo.
O passo principal para consolidar todos esses objetivos é a implantação dos Espaços Jovens: locais que contarão com um ferramental - incluindo computadores, programas, conexão à rede, material didático etc - que possibilite o funcionamento das unidades. Nestes espaços, os personagens principais serão os jovens. Esta é a maior diferença deste projeto e um dos principais pontos enfatizados pelos entusiastas e organizadores. Thereza Lobo, da Comunitas - entidade envolvida na idealização da Rede Jovem - define: "nós queremos é botar os jovens na frente do palco".
Aos meninos e meninas participantes da Rede Jovem será dada toda a liberdade de criação, autonomia, capacitação, materiais para aprendizagem, e outros subsídios. A idéia é que a diversão seja o principal atrativo destes locais e que o aprendizado seja uma decorrência prazerosa do convívio com a informática. Como ressalta Dulcídio Pedrosa, do Programa Socinfo, "estamos tentando fazer um projeto não só para jovens, mas de jovens, o que vai fazer uma grande diferença na produção dos conteúdos".
A liberdade também se manifesta na forma de consumir o que vem da Internet e produzir peças através da informática. Por exemplo: oficinas ensinarão a utilizar programas de computador e a construir websites. Deste modo, a organização do Projeto Rede Jovem pretende estimular a criação da home page de cada um dos Espaços Jovens, que terão sua identidade na rede mundial de computadores. A respeito disso, Pedrosa afirma: "Muito mais importante do que baixar sites da rede é ir à rede e construir nela a sua imagem". Ou seja, o espaço de atuação e inclusão não será só físico, mas também virtual.
A ênfase deste trabalho será o atendimento e a participação de jovens das camadas sociais mais carentes, frustrados com a escola, com poucas perspectivas de trabalho e geração de renda. Com estes jovens participando ativamente das decisões da unidade de que participam, os Espaços acabarão funcionando como locais de promoção da cidadania e da inclusão social. E mais: apesar de o público-alvo ser jovens de 14 a 25 anos, não há restrição à participação de crianças ou de outros interessados.
A implantação da Rede Jovem está sendo viabilizada através de parcerias com instituições que já têm experiência no trabalho com jovens, nas comunidades onde os Espaços estão sendo instalados. Também foi assinado um convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - São Paulo, que fornecerá o material educativo. Deste modo, a diversidade proposta no projeto será alcançada, na medida em que a experiência das entidades articuladoras envolvidas também é diversa.
A princípio, os Espaços Jovens serão apenas sete: dois no Rio de Janeiro (em Porto das Caixas, na região de Itaboraí e em Urucânia, na Região de Santa Cruz), dois em São Paulo (na Região Metropolitana da cidade e na periferia de Santo André), dois em Salvador (no Pelourinho e na região abrangida pela ong Cipó) e um em Campinas (através da Unicamp). Eles servirão, de acordo com José Malcher, coordenador da Rede Jovem, como "experiência de campo", em diversos aspectos. "Através dessas primeiras experiências será possível ver como isso pode se tornar uma iniciativa comunitária; averiguar como a replicação destes espaços pode ser feita autonomamente; construir metodologias para a replicação; definir softwares adequados; e, principalmente, gerar conteúdo para esse tipo de público. Ou seja, o que está acontecendo é o desenho de um modelo, a armação da jogada. O pontapé foi da Rede e o gol, do Brasil" afirma Malcher .
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