Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Desde de dezembro de 1999, a Associação de Parentes e Amigos da Colônia Juliano Moreira vem desenvolvendo um projeto de alfabetização dos pacientes com mais de 35 anos de internação, dentro da própria instituição. As 14 turmas iniciais acabaram de formar 120 alunos entre os 950 internos da Colônia, que até então era excluídos da sociedade de duas formas: por causa da doença mental e do analfabetismo. Reinaldo Sant’ana, coordenador-geral da iniciativa, explica que o deslanchar do projeto foi possível graças a um convênio entre a Apacojum e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Através do Projeto Mova - Movimento pela Alfabetização de Adultos, o órgão forneceu material didático e o pagamento dos professores.
A metodologia usada nas aulas é variada, incluindo Musicoterapia, Fonoaudiologia e Informática, atividades lúdicas, acompanhamento sociológico, só para citar alguns. Os resultados são surpreendentes: indivíduos classificados como pacientes de saúde mental produzem jornais, programas radiofônicos diários e livros coletivos de poesias. A cerimônia de formatura das primeiras turmas foi realizada no dia 7 de novembro, animada pelo coral de crianças do Centro Mané Garrincha. Os interessados podem comprar o seu exemplar da coletânea de poesias ligando para o Complexo Juliano Moreira: (21) 466-5488.
A Apacojum já firmou parcerias com mais três instituições para expandir a metodologia e o alcance do programa. Nos próximos meses, os Centros de Atenção Psicossociais (Caps), o Instituto Nise da Silveira (antigo Pedro II) e o Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub) também introduzindo o projeto em suas unidades. Isso viabilizará a formação de 16 novas turmas, com possibilidade de atender a 190 alunos no total. (Só o Caps terá quatro de suas sedes implantando o projeto: unidades Artur Bispo do Rosário, Ilha do Governador, Campo Grande e Bangu.)
Sant´ana explica que, a partir de janeiro, a Apacojum planeja criar quatro turmas avançadas, para dar prosseguimento à educação dos alunos já alfabetizados. A princípio, elas só existirão dentro da própria Colônia, localizada em Jacarépaguá, mas os organizadores não descartam a possibilidade de esta iniciativa também vir a ser replicada. E mais: se o aluno for avaliado positivamente do ponto de vista social, poderá ser encaminhado para dar continuidade ao seu aprendizado fora da Colônia, podendo até concluir o Ensino Médio.
No entanto, nem tudo é poesia na realidade da Instituição. O contrato de dez meses com a Secretaria de Educação foi renovado. Entretanto, o repasse do instrumental necessário só é feito no início da vigência dos convênios. Durante o restante dos dez meses, o programa fica desprovido de manutenção por parte do órgão. Em função disso, no final deste período, o projeto sobrevive através de doações de material didático feitas pelos próprios educadores e por outras pessoas ou instituições simpatizantes. Reinaldo ressalta que a iniciativa precisa de contribuições ou firmar de novas parcerias para que possa continuar operando perfeitamente. Os organizadores são abertos a quaisquer propostas para extensão destes projetos. “Nós ouviremos todos, seja para financiamento do programa, seja para passarmos nossa experiência e possibilitar a formação de novas turmas” , afirma o coordenador. Quem quiser contactar a instituição pode ligar para o (21) 446-5488 ou enviar uma mensagem para coloniajulianomoreira@bol.com.br.
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