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Alguns dos pontos discutidos no encontro

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

O coordenador de redes da Rits, Cássio Martinho, que abriu o Encontro, falou sobre o apoio dado pela Rits às organizações que estão às voltas com processos de organização ou consolidação de redes. Esse apoio se dá no campo da gestão das redes e da capacitação para o uso das tecnologias de comunicação e informação disponibilizadas pela própria Rits. Cássio falou também da importância de se sistematizar as experiências e o conhecimento sobre as redes, o que será viável com a criação do Na. Rede. O próprio Encontro de Redes foi concebido para ser um momento de troca e reflexão do Na.Rede. O próximo projeto é a realização, em agosto de 2001, de um seminário internacional sobre o tema.


Jorge Duarte, coordenador de redes sociais do Centro de Educação Comunitária para o Trabalho, falou do projeto do Senac-SP de sistematizar uma metodologia de articulação de redes. A entidade atua no fomento a redes temáticas e de base territorial no município de São Paulo que reúnem, segundo Jorge, 335 organizações. Duas das redes sociais parceiras do Senac-SP relataram suas experiências: Rede Social Centro-Sul e Instituto Antenas. A experiência do Instituto Antenas foi objeto de muita discussão, uma vez que a articulação de oito organizações da região leste da capital paulista tomou a forma de uma associação de associações, com personalidade jurídica própria e diretoria formal.


A consultora Célia Regina Schlithler apresentou o trabalho feito por ela dentro do programa de Grupos Associativos do Instituto C&A. Cinco articulações – Grupo Associativo de Santos, Grupo Associativo da Zona Leste de São Paulo, Cooperapic, Cirandar e Pólo Norte – são apoiadas pelo Instituto, que promove o fortalecimento da gestão e da prática coletiva dessas redes. No total, mais de 250 entidades estão envolvidas nesse trabalho. Dois exemplos concretos foram apresentados durante o Encontro: o da Cooperapic, cooperativa que nasceu em 1992 para comercializar trabalhos produzidos por crianças e adultos ligadas a ongs e hoje reúne 90 entidades de Osasco e região; e o da Cirandar, que conta hoje com 70 organizações envolvidas e tem realizado ações de capacitação em gestão e elaboração de projetos voltados para a área da infância e juventude.


Ação de capacitação semelhante está sendo realizada em Vitória (ES) pela Rede Criança, que reúne 60 organizações governamentais e não-governamentais que gravitam em torno do Conselho de Defesa da Criança e do Adolescente daquela cidade, conforme declarou a secretária de Ação Social, Trabalho e Geração de Renda do município, Wânia Malheiros Alves. Uma parceria com uma fundação empresarial está permitindo a realização de um treinamento em gestão, legislação, captação de recursos e outros temas a um grupo de 15 entidades durante um ano. A Rede Criança, implantada em 1999 pela prefeitura, recebeu financiamento de US$ 2 milhões do BNDES.


A experiência do Movimento de Adolescentes Brasileiros (MAB), outra articulação de entidades voltadas para a juventude, foi apresentada por Ricardo Castro e Silva durante o Encontro. O MAB congrega atualmente 49 grupos de adolescentes em 10 estados brasileiros e tem o objetivo de favorecer a intervenção sócio-política e cultural de adolescentes e jovens na comunidade. Desde 1991, são realizados encontros nacionais e regionais de adolescentes. O último ocorreu em setembro em Salvador (BA).


Uma das redes mais antigas em atividade no país – a Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos – teve sua história contada no evento pela presidente da União Brasileira de Mulheres e secretária-adjunta da Rede, Liége Rocha. Criada em 1991 por 40 organizações feministas, a Rede Saúde possui hoje 182 filiados e filiadas, entre entidades, núcleos, comissões de mulheres e pesquisadoras. Sua atuação é dirigida para a defesa de direitos, o acompanhamento de políticas públicas voltadas para a mulher, a formação de lideranças e a produção de conhecimento e informação.


Criada em 1992, a Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea) é outra das mais antigas experiências brasileiras de articulação em rede. O relato sobre a Rebea foi feito pela coordenadora da ong Bioconexão, Vivianne Amaral, responsável pela secretaria-executiva da rede. Organizada em elos e facilitações nacional e regionais, a Rebea realizou nesse período quatro encontros nacionais de educadores ambientais e possibilitou o surgimento de uma série de redes estaduais de educação ambiental pelo país, atualmente em funcionamento em oito estados brasileiros.


A experiência de um dos frutos da Rebea, a Rede Paulista de Educação Ambiental (Repea) foi apresentada no Encontro por Larissa Costa, do Instituto Ecoar. A construção da Repea está sendo feita com base nas bacias hidrográficas do estado, onde ongs e educadores ambientais também se articulam em torno de núcleos da rede, realizando assim um processo típico das redes, que é o de gerar redes menores à medida que as articulações vão se desenvolvendo e amadurecendo.

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