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Manifestações sugerem legislação, apontam poluidores e lugares poluidos

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

O Artic Sunrise atracou em Porto Alegre no dia 3 de janeiro. A viagem pela costa brasileira, que inclui ainda uma parada em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, terá duração de três semanas. Como ocorreu na Argentina e no Chile, o Greenpeace pretende denunciar casos de poluição industrial no Brasil e expor os efeitos nocivos das substâncias conhecidas como Poluentes Orgânicos Persistentes (Pops) ao meio ambiente e à saúde humana.


"A poluição Pops gerada em processos industriais é invisível e não tem fronteiras. Resíduos tóxicos gerados no Brasil podem acabar contaminando animais e fontes de alimentos em áreas tão remotas quanto a Antártida. Além disso, este tipo de poluição é persistente, ou seja, não pode ser destruída. Uma vez gerada, permanece por longo tempo no meio ambiente. A única forma de garantir um futuro livre de poluição tóxica é eliminando o uso e a produção de tais substâncias", explica Karen Suassuna, que coordena a etapa brasileira da campanha.


Rio Grande do Sul


A primeira atitude tomada pelo Greenpeace em Porto Alegre foi declarar, em entrevista coletiva a bordo do Artic Sunrise, que a empresa Gerdau Riograndense contamina o meio ambiente e a população com PCB, uma substância química altamente tóxica também conhecida como ascarel. Estavam presentes ao encontro representantes do governo do Rio Grande do Sul e da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), que reafirmaram os compromissos assumidos em 1999 para erradicar emissões industriais tóxicas no estado.


"A contaminação por ascarel, um tipo de Pop, é um atentado conta a natureza e a saúde humana. Casos como o da Gerdau não podem ser tolerados. O governo gaúcho se comprometeu a implementar o Protocolo Pops no estado e a trabalhar para que suas diretrizes sejam adotadas em âmbito nacional. A FIERGS destacou o seu compromisso de eliminar a poluição tóxica nos próximos 8 anos. Porém, a poluição gerada pela Gerdau prova que o discurso ainda está muito distante da realidade", afirma Karen Suassuna.


O ascarel está proibido no Brasil desde 1981. As amostras coletadas na planta da Gerdau em Sapucaia do Sul, região metropolitana de Porto Alegre, apresentam ascarel tipo Arocloro 1254, substância extremamente tóxica.


Para acompanhar todos os passos do Greenpeace em Porto Alegre e, futuramente, em São Paulo e no Rio de Janeiro, basta acompanhar o site da campanha.


Argentina


Quando estavam na Argentina, os tripulantes do Artic Sunrise, ativistas e sócios do Greenpeace realizaram uma série de protestos. Segundo a organização, o presidente Argentino, Fernando de la Rua, ignorou os pedidos por um futuro livre de substâncias tóxicas. Os manifestantes tentaram entregar ao governante cinco mil assinaturas, coletadas na Argentina durante o mês de dezembro. O abaixo-assinado pede o fim da poluição tóxica e ressalta a urgência na implementação de duas leis federais: a primeira obriga as indústrias a reduzirem a liberação de resíduos tóxicos no meio ambiente, no período de dez anos, até a emissão zero de poluentes. A segunda trata da Lei do Direito à Informação - que requer das companhias transparência nas informações divulgadas ao público sobre a quantidade e o tipo de substância tóxica usada e liberada no meio ambiente.


Além de fazer propostas de legislação, os manifestantes apontaram locais poluídos e citaram os nomes das empresas responsáveis, como no caso da petroleira hispano-argentina Repsol-YPF, localizada em Buenos Aires, que contaminou o Rio da Prata.

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