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Favela on-line

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Apesar de serem consideradas cenários que não enaltecem a Cidade Maravilhosa, territórios que não receberam a devida atenção e recursos das autoridades, as favelas são uma parte importante e viva do Rio de Janeiro. Ali, as comunidades têm muito a dizer. Para dar voz a essa fatia da população, foi lançada recentemente na Internet a Agência de Notícias da Favela (ANF). O site foi criado para que o asfalto pudesse escutar o grito das comunidades, saber o que elas têm a oferecer, o que os seus moradores pensam, quais os seus principais anseios e reclamações.


A página da Agência está recebendo mais de 2 mil visitas por dia. Os Estados Unidos são os que mais acessam a ANF. "O trabalho que desenvolvemos na Internet é muito inovador. Instituições, organizações governamentais e ongs do mundo inteiro enviam mensagens de congratulações, bem como sugestões. As comunidades também estão ligando para nós pedindo para serem inseridas no site", conta o presidente da ANF, André Fernandes.


Já existe um total de 50 comunidades cadastradas, mas ainda é um número pequeno, frente às 700 favelas existentes no Rio. No cadastro das favelas, o internauta irá encontrar informações que vão desde a localização das comunidades até o tema violência. "É importante poder discutir a violência. Tudo que soubermos sobre isso iremos publicar. Pode até ser perigoso, mas eu estou acostumado a viver perigosamente há muito tempo. Eu saí da Casa da Paz, em Vigário Geral, ameaçado de morte", relata André Fernandes.


A proposta é fazer da ANF um canal de mão dupla: a comunidade denuncia e as autoridades respondem às denúncias, apontando como resolver o problema. No site também existe espaço para troca de idéias - no fórum virtual e no bate-papo -, publicação de artigos, apresentação de notícias e banco de empregos, entre outros assuntos. "Para conseguir informações, estamos contando com as associações de moradores que nos passam as notícias e com os moradores das comunidades. No futuro, a idéia é oferecermos um curso de jornalismo comunitário e termos um repórter em cada favela", diz.


Outra proposta importante a ser desenvolvida na página é a de fiscalizar o uso de verbas destinadas às comunidades. "Com uma atualização regular do andamento de obras ou projetos, poderemos fiscalizar o que o poder público faz ou deixa de fazer. As agências internacionais que fazem doações também poderão acompanhar a aplicação de seus recursos", conclui André.

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