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Lixo vira arte em Belo Horizonte

Autor original: Felipe Frisch

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor










Catadores de papel, papelão e alumínio da Associação dos Catadores de Papel e Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), em Belo Horizonte, estão contribuindo para transformar o lixo em arte. Parte do material que recolhem é enviado para o recém-criado Espaço Reciclo Cultural. Lá, são oferecidas oficinas de artesanato para pessoas inseridas em um programa de retirada das ruas, além de show-room para a comercialização dos produtos.


Inaugurado no final do ano passado, o Reciclo pretende se tornar parte do circuito artístico da cidade, fazendo uso de uma estrutura que dispõe de bar e restaurante com capacidade para 150 pessoas, e disponibilizando o local para apresentações e manifestações culturais em geral. "Estamos abertos a propostas", anuncia a coordenadora do espaço, Flávia Berindoague, que vai estar recebendo o público interessado em shows gratuitos de jazz, bossa nova e samba a partir do dia 09 de fevereiro.


Participam das oficinas do espaço todos os que forem encaminhados pela Pastoral de Rua. O trabalho na produção artesanal funciona como um emprego remunerado comum, reconhecido até por programas oficiais, como o "Se essa casa fosse minha" da prefeitura, que garante um ano de aluguel para que o indivíduo saia da rua, contanto que ele esteja trabalhando. Os "artistas" recebem em torno de um salário mínimo mais vale-transporte. Quem participa do projeto assume o compromisso de manter os filhos na escola e de não voltar para a rua.


Ao todo, são seis oficinas. A de culinária capacita os ex-moradores de rua para o trabalho na cozinha e para que sejam garçons do próprio espaço, além de valorizar o reaproveitamento dos alimentos. A de marcenaria já é anterior à existência do Reciclo. Ainda há a de teatro, exclusiva para crianças, que recebe os filhos dos catadores e dos alunos das oficinas. Além dessas, ainda funcionam a pleno vapor os trabalhos na costura, na produção de papel artesanal e na Oficina de Carnaval, que está produzindo as fantasias e adereços do Bloco dos Catadores de Papel, dos Garis e da População de Rua, que já é tradição na cidade.


Flávia lembra da importância que tem um programa que começou marginal, há mais de 10 anos, como foi a história da Asmare, quando o recolhimento do lixo era exclusividade do município. Hoje, a associação que começou com 10 catadores é parceira da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e conta com três galpões e 320 associados, além dos 85 que estão no processo de capacitação. "É um trabalho de conquista de espaço, de um pouco de briga com o poder público até, e que pede o apoio das empresas", conclui e exemplifica com o apoio dado pela Maxitel ao Espaço.


O público que quiser ir até lá vai poder conferir ainda a decoração feita a partir de material reaproveitado, garante Flávia. O endereço do Espaço Reciclo Cultural é Av. do Contorno, 1564, Barro Preto, Belo Horizonte, e os telefones são (31) 3201-0717 e 3271-4455.

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