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Estação Primeira: abre-alas de projetos sociais

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Por trás do brilho da Estação Primeira de Mangueira na Apoteose, esconde-se muito trabalho social com a comunidade do Morro da Mangueira, no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. O que começou há treze anos debaixo de um viaduto hoje se traduz no Programa Social da Mangueira, um conjunto de ações que aglomera 18 projetos sociais, para os mais variados públicos-alvo. Apesar do foco principal ser a educação e a profissionalização de crianças e jovens, o objetivo final é envolver e integrar toda a comunidade.

Segundo Célia Regina Domingues, vice-presidente social da Escola, nos últimos seis anos houve um forte crescimento no número de projetos sociais da Mangueira: "Antes só havia cerca de 3 ou 4 projetos. Quando o atual presidente, Elmo José dos Santos, assumiu, comprometeu-se a aumentar o alcance social da Escola." As iniciativas tocadas pela Mangueira hoje atendem a um total de 5.800 pessoas por ano.

A primeira iniciativa de cunho social surgiu despretensiosamente em 1987, quando, a pedido de um membro da Escola, o terreno embaixo da construção conhecida como Viaduto da Mangueira foi cedido pela Prefeitura para que se fizesse um campo de futebol para as crianças do morro brincarem. Este foi o embrião do que é hoje a Vila Olímpica da Mangueira. Ali, crianças e jovens têm seu tempo livre ocupado com uma atividade saudável e de futuro: muitos dos atletas descobertos nos campos, quadras e pistas da Vila Olímpica têm alcançado a profissionalização.

Além do Projeto Esportivo, a Mangueira investe na capacitação para o trabalho - através de projetos como o "Faz Tudo" e "Camp Mangueira"; atende a meninos de rua - com o "Vem Pra Casa"; além de ter programas direcionados especificamente à terceira idade, a creches, a gestantes, a deficientes e outros.

No entanto, o mais notório projeto social da Estação Primeira é o Mangueira do Amanhã, a "Fábrica de Talentos Verde e Rosa", como também é conhecida a escola de samba mirim criada à imagem e semelhança da original. Usando a cultura do samba e do carnaval impregnadas do espírito da favela, o projeto promove ao mesmo tempo educação, saúde, música, dança e cidadania. "Para participarem, as crianças têm que estar matriculadas e freqüentando as aulas e também comparecendo às reuniões semanais do Mangueira do Amanhã", explica Célia.

Nos encontros ensina-se às 3.000 crianças entre 7 e 14 anos a compor, criar alegorias, serem passistas, ritmistas e percussionistas. Eles aprendem, ainda, a se comportar, manter o cuidado com a higiene, cumprir horários e compromissos, além de receberem atendimento odontológico, médico, assistência social e alimentação. O objetivo principal é tirar esses jovens da ociosidade. Vale lembrar que o atual casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mangueira foram crianças iniciadas no projeto. O Mangueira do Amanhã manda para as casas das crianças mais carentes uma cesta básica por mês, num total de 800 famílias beneficiadas.

Sabendo que o atrativo para as crianças é justamente o universo do samba, o Programa Social está montando agora uma oficina de tamborins. As peças servirão, num primeiro momento, como souvenirs, com previsão de venda na loja da quadra da Escola e em lojas de pontos turísticos. Posteriormente, a intenção é montar uma cooperativa para fabricar tamborins para a bateria da própria Mangueira e de outras escolas. Outra iniciativa de ponta será a Faculdade de Informática, que está em vias de ser instalada - em parceria com a Universidade da Cidade - onde será dada prioridade ao alunos do Ciep Nação Mangueirense.

Para poder manter gratuitamente todos estes programas, o núcleo social da Mangueira conta com diversas parcerias, "sem as quais não seria possível manter este trabalho tão bom por tanto tempo", reconhece Célia. Xerox, Sebrae e os governos municipal, estadual e federal são alguns dos parceiros. Os projetos têm alcançado tal excelência e reconhecimento que pessoas de morros vizinhos procuram os serviços. A prioridade continua sendo a comunidade, mas na medida do possível, as iniciativas também acolhem pessoas de fora. A fábrica de talentos, sonhos e cidadania da Mangueira está cada vez maior.

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