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Projeto Rede

Autor original: Maria Eduarda Mattar

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Fora dos grandes centros urbanos, a recém-criada Fundação CSN - braço social da Companhia Siderúrgica Nacional - está em vias de consolidar o Projeto Rede, uma iniciativa que aposta na educação e na profissionalização para fortalecer as instituições do terceiro setor do interior do país. Gestão, sustentabilidade, captação de recursos e legislação são alguns dos temas a serem abordados nos encontros do Projeto. Conversamos com Claudia Jeunon, diretora-executiva da Fundação CSN para saber por que a instituição elegeu a Educação como área de atuação prioritária e quais os resultados esperados.

Rets - O que é o Projeto Rede?

Claudia Jeunon - Trata-se de uma iniciativa da Fundação CSN que pretende levar para o interior informações, tecnologias e exemplos bem-sucedidos de trabalhos sociais, por meio de palestras, encontros e seminários, visando capacitar gestores de entidades filantrópicas nas atividades que realizam. O que desejamos é contribuir para um Terceiro Setor cada vez mais capacitado e eficaz.

Rets - Qual é a área de atuação da iniciativa?

Claudia Jeunon - A idéia é envolver entidades filantrópicas e grupos sociais de regiões onde a CSN está presente. Nesse sentido, serão promovidos seminários e encontros em Itaguaí (RJ), Congonhas (MG), Arcos (MG) e Araucária (PR), além de Volta Redonda (RJ).

Rets - O Projeto já está sendo consolidado?

Claudia Jeunon - O projeto está em fase de implantação, já tendo sido realizados dois encontros: o primeiro aconteceu em novembro do ano passado em Volta Redonda, e teve a assessoria de Lygia Fontanella, do Instituto Synergos, que integra o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), ligado ao Terceiro Setor. Ela trocou informações com representantes de entidades filantrópicas da região e deu dicas interessantes em relação a parcerias e sustentabilidade. O segundo encontro aconteceu na semana passada, também em Volta Redonda, e contou com a presença da assessora do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a socióloga Anna Peliano. Ela apresentou o resultado da pesquisa feita pelo órgão sobre a ação social das empresas no Sudeste - o estudo foi realizado também nas regiões sul e nordeste - conversou com pessoas das entidades ali representadas.

Rets - Quais os resultados da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre o compromisso social das empresas e no que isso influi na proposta da Fundação CSN?

Claudia Jeunon - Os resultados da pesquisa do IPEA estão disponíveis no site www.ipea.gov.br. A grande contribuição desse trabalho para a Fundação CSN é termos um retrato da ação social e podermos trabalhar, a partir da educação para o trabalho (que é a nossa expertise), complementarmente com outras instituições. Os desafios são grandes, e há a necessidade de as instituições e empresas não terem ações superpostas, mas trabalharem juntas aproveitando ao máximo as habilidades de de cada uma. De maneira geral, a pesquisa do IPEA é um marco para que possamos acompanhar o quadro de investimento social no Brasil.

Rets - Qual o critério adotado pela Fundação CSN para selecionar as entidades onde será implantado o projeto?

Claudia Jeunon - O critério é ser uma entidade sem fins lucrativos, de comprovada atuação social e estar localizada nas áreas onde a CSN atua (regiões de Volta Redonda-RJ, Itaguaí-RJ, Arcos-MG, Congonhas-MG e Auraucária-PR).

Rets - Quais serão os conteúdos transmitidos na capacitação dos gestores dessas entidades? Qual será a ênfase dos seminários e palestras?

Claudia Jeunon - Nossa meta é trazer a essas entidades toda a informação necessária à boa gestão de entidades do Terceiro Setor: captação de recursos, aspectos jurídicos, marketing social, gestão financeira, além de cases de sucesso.

Rets - A curto prazo, quais os resultados que a Fundação CSN pretende alcançar com o Projeto Rede?

Claudia Jeunon - A Fundação CSN pretende que, a partir do acesso à capacitação - que só está disponível nos grandes centros -, essas entidades consigam alavancar suas ações, seja por uma administração mais eficiente, seja pela capacidade de captar recursos ou estabelecer parceria com outras entidades.

Rets - Desde o ano passado, a Fundação CSN vem promovendo iniciativas focadas na Educação para o Trabalho. O que levou a entidade a fazer da Educação uma prioridade?

Claudia Jeunon - Basicamente três aspectos. Em primeiro lugar, uma avaliação crítica do nosso trabalho, identificando a nossa maior competência, que é a educação profissional (técnica ou através da arte, especialmente música). Em segundo lugar, um benchmark com as fundações de grandes empresas. Constatamos que as que tinham um foco claro em Educação optaram por áreas distintas dentro dela, como, entre outras, a Fundação Ayrton Senna, que foca em crianças e aceleração escolar, e Fundação Roberto Marinho, que atua através dos meios de comunicação. O terceiro aspecto foi a decisão estratégica de atuação complementar e não superposta a outras fundações. Quando, por exemplo, temos a necessidade, em alguma comunidade, de trabalhar alfabetização, contactamos a Alfabetização Solidária. Estamos tendo um serviço de qualidade e fortalecendo uma entidade. Da mesma forma, empresas que diagnosticam uma ação de Educação para o Trabalho se associam à Fundação CSN para realizar o trabalho, como é o caso da Magnesita Service, que em Congonhas (MG) contratou-nos para capacitar profissionais que irão trabalhar para a Açominas, em vez de contratar esses profissionais fora daquela cidade.

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